Page 67 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº1
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CARLA BRANCO, JOÃO SUBTIL, ANTÓNIO RISTORI, HUGO ESTIBEIRO, RUI FINO, LUIS OLIVEIRA, LÍGIA FERREIRA,
PEDRO MONTALVÃO, MIGUEL MAGALHÃES, JUDITE RAMOS, JOÃO OLIAS
MÉDIA DE SOBRMDA DOS DOENTES SEM CONTROLO REGIONAL: 17,96 MESES (:!:21)
Tratamento curativo Tratamento paliativo
Esvaziamento ganglionar QT Recusa Sintomático
cirurgia
19,7% 7, 1% 8,9% 64,3%
36 meses 12m(±3) 16m (±5) 13 m (±9)
(±40) 14 meses (±9)
QUADRO 2: MÉDIA DE SOBREVIDA DOS DOENTES SEM CONTROLO REGIONAL APÓS RADIOTERAPIA.
O sucesso da RT está relacionado funda- sendo portanto de concluir que é no tratamen-
mentalmente com o tamanho e a fixação das to inicial que deve ser feito o máximo esforço
adenopatias. Este facto poderá ser explicado para o controlo da doença regional.
pelo mecanismo de destruição celular induzido Apesar disso, quando a cirurgia de salva-
pela irradiação que tem como base a for- mento é possível é um procedimento válido e
mação de radicais livres. eficaz no aumento da sobrevida desses
Para que isso ocorra é indispensável um doentes.
ambiente oxigenado tecidual, o que não se
verifica em adenopatias com diâmetro superior
a 3 cm. CONCLUSAO
A classificação TNM (AJCC-2004), no que
diz respeito ao N, tem em conta o tamanho, a A necessidade de mais estudos para a con-
bilateralidade e o número de adenopatias firmação dos resultados do presente estudo é
envolvidas. inegável, sendo necessários estudos prospec-
A existência de mais de uma adenopatia ou tivas, bem como uma selecção aleatória dos
a presença de doença bilateral são condições doentes a submeter a radioterapia que, como
suficientes para a classificação da doença facilmente se compreende, pode resultar em
regional em N2b ou N2c respectivamente. conflitos deontológicos.
Assim, a classificação N não traduz o prog- Contudo os nossos dados apontam para que:
nóstico da doença ganglionar cervical tratada 1. Em pequenos gânglios a RT isolada é efi-
por radioterapia, pois, como se verificou pode caz, o que a coloca como opção terapêu-
haver melhores resultados na doença N2b e tica curativa em tumores da laringe e
N 2c do que na doença N2a (baseada unica- hipofaringe com metastização ganglionar
mente no tamanho da adenopatia, >3cm). cervical.
Por fim, salienta-se que o esvaziamento gan- 2. Nos gânglios superiores a 3 cm é razoá-
glionar de salvamento só seria viável em cerca vel admitir que a RT isolada não será efi-
de 30 % dos doentes em que se detectou a caz, devendo ser programado desde
recidiva ou persistência ganglionar (embora logo o esvaziamento ganglionar cervical
apenas em 20% dos doentes foi realizada), adjuvante.
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