Page 116 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº4
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apresentam-se  com  queixas  inespecíficas,       Material e Métodos
          como obstrução nasal, epistáxis, sensação de      Os autores divulgaram a nível nacional um
          plenitude auricular, ou, em até 50% dos casos,    questionário online com dois casos clínicos de
          podem  ser  assintomáticos  até  atingirem        dois doentes com uma massa na nasofaringe.
          estadios avançados.  [1,3]  O último estudo       O caso clínico 1 relatava um doente do sexo
          epidemiológico realizado em Portugal acerca       masculino, de  40  anos,  com um  quadro  de
          do carcinoma da  nasofaringe  mostra que          epistáxis intermitente e com uma massa na
          as queixas mais comuns são a tumefacção           nasofaringe de superfície irregular e friável,
          cervical (51.6%), seguido de sintomas nasais      cuja endoscopia nasal se encontra ilustrada
          (24.2%) e otológicos (23.3%). [4]                 na figura 1.
          Apesar dos avanços tecnológicos e da elevada
          sensibilidade dos exames de imagem para            Figura 1
                                                             Endoscopia nasal do caso clínico 1
          malignidade, a endoscopia nasal continua
          a ser o principal exame na investigação
          inicial destas massas, sendo o diagnóstico
          definitivo  sempre  dependente  da  biópsia. [3]
          Esta pode, na maioria dos casos, ser realizada
          na consulta sob anestesia local, sendo bem
          tolerada e com poucos riscos. Assim, é
          consensual na literatura de que em todas as
          lesões suspeitas deve ser realizada biópsia. É
          relativamente fácil considerar uma lesão em
          estadio  avançado  (que  seja  por  exemplo  de
          grandes dimensões, assimétrica, irregular,
          hemorrágica) como suspeita.  O papel do
                                        [3]
          médico otorrinolaringologista (ORL)  será
          então o de detetar precocemente estas lesões
          malignas, de modo a melhorar o prognóstico         Figura 2
          e sobrevida destes doentes. [3]                    Endoscopia nasal do caso clínico 2
          Este estudo teve como objetivo avaliar as
          diferenças na abordagem de cada médico
          ORL    perante   massas     na   nasofaringe,
          avaliando  tanto a  diferença  entre  médicos
          como para cada médico entre diferentes
          casos clínicos. Para tal, apresentámos dois
          casos clínicos, um que na nossa opinião era
          muito suspeito, por ser uma massa irregular,
          friável e que causa  epistáxis, e outro que na
          nossa opinião era pouco suspeito, por ser uma
          massa regular, simétrica e assintomática.
          Posteriormente questionámos os inquiridos
          acerca da sua atuação em termos realização
          de biópsia, requisição de exames de imagem,
          atitude terapêutica e ainda que fatores os
          fariam mudar a sua atuação, com o intuito de      O caso clínico 2 relatava uma doente do sexo
          percebermos as diferenças entre si e entre o      feminino, de 35 anos, assintomática, com uma
          que consideram, ou não, suspeito numa lesão       massa regular e simétrica correspondente
          da nasofaringe.                                   a  um  achado  acidental  numa  tomografia



     388  Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia - Cirurgia de Cabeça e Pescoço
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