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apresentam-se com queixas inespecíficas, Material e Métodos
como obstrução nasal, epistáxis, sensação de Os autores divulgaram a nível nacional um
plenitude auricular, ou, em até 50% dos casos, questionário online com dois casos clínicos de
podem ser assintomáticos até atingirem dois doentes com uma massa na nasofaringe.
estadios avançados. [1,3] O último estudo O caso clínico 1 relatava um doente do sexo
epidemiológico realizado em Portugal acerca masculino, de 40 anos, com um quadro de
do carcinoma da nasofaringe mostra que epistáxis intermitente e com uma massa na
as queixas mais comuns são a tumefacção nasofaringe de superfície irregular e friável,
cervical (51.6%), seguido de sintomas nasais cuja endoscopia nasal se encontra ilustrada
(24.2%) e otológicos (23.3%). [4] na figura 1.
Apesar dos avanços tecnológicos e da elevada
sensibilidade dos exames de imagem para Figura 1
Endoscopia nasal do caso clínico 1
malignidade, a endoscopia nasal continua
a ser o principal exame na investigação
inicial destas massas, sendo o diagnóstico
definitivo sempre dependente da biópsia. [3]
Esta pode, na maioria dos casos, ser realizada
na consulta sob anestesia local, sendo bem
tolerada e com poucos riscos. Assim, é
consensual na literatura de que em todas as
lesões suspeitas deve ser realizada biópsia. É
relativamente fácil considerar uma lesão em
estadio avançado (que seja por exemplo de
grandes dimensões, assimétrica, irregular,
hemorrágica) como suspeita. O papel do
[3]
médico otorrinolaringologista (ORL) será
então o de detetar precocemente estas lesões
malignas, de modo a melhorar o prognóstico Figura 2
e sobrevida destes doentes. [3] Endoscopia nasal do caso clínico 2
Este estudo teve como objetivo avaliar as
diferenças na abordagem de cada médico
ORL perante massas na nasofaringe,
avaliando tanto a diferença entre médicos
como para cada médico entre diferentes
casos clínicos. Para tal, apresentámos dois
casos clínicos, um que na nossa opinião era
muito suspeito, por ser uma massa irregular,
friável e que causa epistáxis, e outro que na
nossa opinião era pouco suspeito, por ser uma
massa regular, simétrica e assintomática.
Posteriormente questionámos os inquiridos
acerca da sua atuação em termos realização
de biópsia, requisição de exames de imagem,
atitude terapêutica e ainda que fatores os
fariam mudar a sua atuação, com o intuito de O caso clínico 2 relatava uma doente do sexo
percebermos as diferenças entre si e entre o feminino, de 35 anos, assintomática, com uma
que consideram, ou não, suspeito numa lesão massa regular e simétrica correspondente
da nasofaringe. a um achado acidental numa tomografia
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