Page 119 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº4
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Tabela 3
Diferenças na distribuição de frequência das respostas às questões 1.1 e 2.1.
Questão 1.1 - Resposta Sim ou Não Questão 2.2 – Resposta Sim ou Não
Variáveis dos participantes (p-value) (p-value)
Graduação 0.130541 0.429454
Tipo de instituição onde exercem 0.94808 0.497565
Região do País onde exercem 0.461525 0.914541
Discussão Tal não está relacionado com um maior
Apesar da inexistência de guidelines na índice de suspeição no último caso, mas pode
abordagem de massas na nasofaringe, há eventualmente dever-se a esta hipótese de
consenso na comunidade científica de que maior segurança no procedimento após estes
em todas as lesões suspeitas deve ser realizada exames complementares, suportando-a.
biópsia. No entanto, a definição de suspeição O pedido de exames complementares de
[3]
e a abordagem varia entre os médicos imagem, preferencialmente a ressonância
inquiridos neste estudo. Alguns colegas magnética (RM), é indispensável após
valorizam mais os sintomas e antecedentes do confirmação de um diagnóstico maligno.
doente, outros o aspeto macroscópico da lesão No entanto, alguns autores defendem a
na endoscopia, enquanto outros consideram necessidade destes exames antes da biópsia
todas as massas como suspeitas até prova em caso de suspeição clínica, afirmando que
em contrário. Neste estudo os médicos ORL estes podem inclusive excluir a possibilidade
com prática direcionada à Oncologia tiveram de malignidade em alguns casos, poupando
maior tendência a realizar sempre biópsia, o doente a uma intervenção desnecessária [3]
eventualmente dada a sua maior experiência Para além disso, está descrita uma
na realização rotineira deste procedimento e o sensibilidade para malignidade da RM de
seu maior contato com resultados histológicos 88.2%-100% contra 85.5% de sensibilidade de
malignos, o que os fará porventura ter esta endoscopia com realização de biópsia. [3,6] Em
atitude mais interventiva. até 50% dos casos malignos a primeira biópsia
Muitos colegas preferem obter um exame pode inclusive ser negativa, por ser realizada
de imagem radiológico antes de realizar no local errado ou pouco profundo. No
[7]
biópsia, mesmo em lesões sugestivas de entanto, estes estudos não tiveram em linha
malignidade, tal como no caso clínico 1, em de conta as especificidades do Sistema de
que 44% dos participantes tomou esta opção. Saúde português, nomeadamente o tempo
O motivo para tal não foi questionado, no de espera associados ao pedido de uma RM no
entanto, consideramos que tal se possa dever nosso país versus a possibilidade da realização
a uma maior segurança e/ou mais suporte imediata da biópsia logo numa primeira
na decisão de realizar a biópsia, ou até para consulta, pelo que não consideramos que,
a poder direcionar. Poderá também, em em Portugal, o pedido de RM deva protelar a
alguns casos, ter como objetivo a exclusão de realização de biópsia, pois tal poderá atrasar o
lesões em cuja biópsia não deva ser realizada diagnóstico de lesões potencialmente fatais.
sem outro tipo de precauções ou está até A localização destas massas faz com que se
contraindicada, como por exemplo lesões manifestem com sintomas inespecíficos, ou
altamente vascularizadas (e.g. angiofibroma mesmo que sejam assintomáticas até estadios
juvenil) ou com origem intracraniana.[5] avançados. Não está reportada diferença
Curiosamente, constatámos que 46% dos estatisticamente significativa na presença de
médicos que não realizavam biópsia no caso plenitude aural/presença de otite média com
clínico 1 já o fariam no caso clínico 2, em que a efusão entre lesões benignas e malignas [8]
doente já tinha realizado exame de imagem. Nos doentes com neoplasias malignas, os
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