Page 49 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
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50% (N=23) e de bem diferenciado em 10,9% (N=5). Taxa de recidiva loco-regional: A taxa de recidiva local
Nos restantes 30,4% dos casos (N=14), o grau de foi de 10,8% (N=4): em 14,3% (N=3) no grupo cirúrgico e
diferenciação histológica não foi caracterizado. em 6,3% (N=1) no grupo RTd. Todos os casos de recidiva
ocorreram nos primeiros 2 anos de follow-up, com uma
Tratamento instituído: O tratamento inicial foi média de 37,4 semanas: 8,1% (N=3) no 1º ano e 2,7%
laringectomia parcial em 65,2% (N=30), associada (N=1) no 2º ano.
a tratamento adjuvante em 19,6% (N=9), e RTd em No grupo cirúrgico, todas as recidivas ocorreram em
34,8% (N=16) (Gráfico 4). Nos doentes com tratamento doentes submetidos a CTOL (um caso com margem
primário cirúrgico (N=30), a técnica cirúrgica mais negativa e dois casos com margens não avaliáveis), não
utilizada foi a cirurgia transoral LASER CO2 (CTOL) havendo nenhum caso de recidiva pós-laringectomia
(50%; N=15), seguindo-se, por ordem decrescente de parcial externa.
frequência, a laringectomia parcial horizontal com
cricohioidopexia (26,7%; N=8) e a laringectomia parcial Laringectomia total: A LT foi realizada em 8,1% (N=3):
horizontal supraglótica (23,3%; N=7). 5,4% (N=2) por recidiva local e 2,7% (N=1) por laringe
não funcionante. A LT foi efetuada no grupo cirúrgico em ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
GRÁFICO 4 dois casos (9,5%) – um por recidiva e outro por laringe
Tratamento primário instituído (TA- tratamento adjuvante) não funcionante; e no grupo RTd num caso (6,3%) por
recidiva. O tempo médio decorrido até à LT foi de 44,1
semanas, sendo que a indicação para LT por laringe não
funcionante surgiu mais cedo do que por recidiva (28,3
semanas vs. 59,3 semanas).
Apesar do grupo cirúrgico ter apresentado mais casos
de recidiva (N=3), apenas num dos casos foi necessária
a realização de LT, enquanto que nos outros dois casos,
foi realizada resseção cirúrgica da recidiva tumoral por
CTOL (com radioterapia adjuvante num destes casos).
Por outro lado, no grupo RTd, o único caso de recidiva
tumoral foi tratado com LT.
Traqueotomia a longo prazo: A traqueotomia foi
realizada em 2 casos (N=5,4%) por edema rádico da
laringe pós-RTd (12,5% do grupo RTd). Estes doentes
foram posteriormente submetidos a cirurgia para
repermeabilização da laringe por cordotomia posterior
e/ou vaporização das aritnóides, mas não foi possível
proceder à sua descanulação. No grupo cirúrgico, não
houve nenhum caso com necessidade de traqueotomia
a longo prazo.
Estudo comparativo dos resultados oncológicos
Para o estudo comparativo, foram excluídos os 9 doentes Laringectomia total e traqueotomia a longo prazo: Como
submetidos a cirurgia com tratamento adjuvante. Os descrito previamente, a LT foi mais frequentemente
restantes 37 doentes foram divididos em dois grupos de realizada no grupo cirúrgico, enquanto que a
estudo em conformidade com o tratamento primário: traqueotomia a longo prazo ocorreu apenas no grupo
grupo cirúrgico (N=21) e grupo RTd (N=16).
RTd. No entanto, quando agrupamos os doentes
submetidos a LT e a traqueotomia a longo prazo,
Estadiamento tumoral: 78,4% (N=29) eram T2 e apenas observamos que o grupo da RTd apresenta mais casos
21,6% (N=8) eram T1. Como podemos observar na do que o grupo cirúrgico (grupo RTd: N=3 (18,8%);
Tabela 1, o grupo cirúrgico apresentava uma maior grupo cirúrgico: N=2 (9,5%)).
percentagem de doentes em estadio T2 do que o grupo
da RTd.
Sobrevida: No geral, a ST foi de 86,5% aos 2 anos e
78,4% aos 5 anos (Gráfico 5), e a SLD foi de 87,9% aos
TABELA 1
Estadiamento para cada grupo de tratamento 2 anos e 86,7% aos 5 anos. Para os CPCST1N0 (N=8), a
ST foi de 100% aos 2 anos e de 87,5% aos 5 anos, e a
Tratamento N % T1 N (%) T2 N (%) SLD foi de 87,5% aos 2 anos e de 85,7% aos 5 anos. Para
Grupo cirúrgico 21 56,8% 4 (19,0%) 17 (81%) os CPCST2N0 (N=29), a ST foi de 82,8% aos 2 anos e de
Grupo RTd 16 43,2% 4 (25%) 12 (75%) 75,9% aos 5 anos, e a SLD foi de 88% aos 2 anos e de
87% aos 5 anos.
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