Page 46 - Revista SPORL - Vol 57. Nº4
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O SNS, as autarquias e a sociedade civil, deram nesta
     emergência sanitária uma resposta extraordinária,
     não isenta naturalmente de alguns problemas que são
     perfeitamente aceitáveis, face a magnitude desta crise
     sanitária, para a qual, nenhum país deste mundo estava
     minimamente preparado.

     Os Hospitais do SNS, de um dia para o outro, foram
     sujeitos a uma profunda mudança na sua organização,
     as equipas de profissionais foram transformadas e
     deslocadas para outras áreas de actividade, os espaços
     reocupados por unidades de apoio aos doentes urgentes,
     os blocos operatórios encerrados e as equipas reduzidas
     para minimizar o perigo de contágio. Enfim, uma completa
     revolução, que só com o empenho, o sacrifício e a boa
     vontade todos os profissionais envolvidos, conseguiu o
     resultado que sabemos.

     Esta resposta do SNS, deve orgulhar-nos, e por isso reforçar
     a vontade da tutela e a exigência da nossa sociedade, em
     preserva-lo e melhora-lo, reforçando o seu investimento
     em meios humanos e materiais, pois como agora se viu,
     mesmo com as deficiências que conhecemos, o nosso
     SNS evitou a tragedia, que aconteceu noutros países
     economicamente mais desenvolvidos.

     Tudo vai ser diferente a partir de agora, e assim sendo, os
     hospitais vão ter que se readaptar a esta nova realidade,
     não podendo continuar a trabalhar e a ser avaliados
     segundo os parâmetros que estavam em vigor antes
     desta revolução. Há pois a necessidade urgente, de
     realizar um estudo profundo sobre os índices de resposta
     e produtividade hospitalares que estão a ser utilizados
     na avaliação dos nossos hospitais. Não nos podemos
     esquecer, que irá sempre haver, o antes e o depois
     da pandemia COVID 19, e essa, é uma circunstancia
     determinante se quisermos ser sérios nesse estudo.

     É indispensável que a tutela tenha em mente esta
     realidade, para que os hospitais do SNS não sejam
     prejudicados no seu financiamento, ao serem avaliados
     no futuro, segundo parâmetros pré pandemia que neste
     contexto os irão penalizar fortemente.

     Se realmente existir uma vontade genuína do poder
     publico em preservar o SNS, agora será o tempo de a
     constatar.

                                                             18.05.2020
                                                            Artur Condé

176 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
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