Page 26 - Revista SPORL - Vol 57. Nº4

cartilagínea das triangulares e das alares; resistência do
septo caudal; e presença de irregularidades e/ou de open-
roof no dorso6.
Exames Complementares de Diagnóstico
Actualmente, a tomografia computorizada do nariz e
dos seios perinasais constitui um exame de imagem
realizado quase universalmente na avaliação pré-
operatória de doentes candidatos a cirurgia nasal. Apesar
de não ser um requisito obrigatório para a realização
de rinosseptoplastia, permite uma avaliação anatómica
complementar da pirâmide e do septo nasais, bem como
de estruturas adicionais que podem ser alvo de tratamento
cirúrgico, como os cornetos e os seios perinasais19.
Preferencialmente, o exame deverá ser realizado com
cortes coronais desde a ponta nasal e possibilidade de
reconstrução tridimensional20. Os achados relevantes
presentes no exame poderão ser registados na secção do
protocolo existente para o efeito. Adicionalmente, quando
disponível na instituição, sugere-se também o registo dos
resultados da rinomanometria e/ou rinometria acústica,
que poderão ter relevância académica e médico-legal,
apesar da sua correlação com a sensação subjectiva de
obstrução nasal permanecer pouco esclarecida21.
Registo Fotográfico
O registo fotográfico é essencial na documentação pré-
operatória das dismorfias nasais, na tomada de decisões
intra-operatórias, bem como na avaliação de resultado
pós-operatório pelo método comparativo. Além disso,
o registo da geometria facial em vários ângulos em
formato fotográfico tem importância médico-legal. Na
nossa perspectiva, deverá ser realizado sistematicamente,
aplicando habilidades correctas, sendo indispensável o
controlo adequado da câmara, do ambiente (espaço,
cor e luminosidade) e da posição do doente. Desta
forma, salientamos que o preenchimento do protocolo
aqui documentado não substitui, de forma alguma, o
registo fotográfico convencional, devendo este fazer
parte da avaliação sistemática proposta. Propomos o
registo do dispositivo utilizado para captura de imagens
e a especificação do seu local de armazenamento virtual,
frequentemente utilizado actualmente. Com o objectivo
de padronização de registos, deverão ser realizadas
sete incidências: frontal, superior, basal, oblíqua (three-
quarters) esquerda, oblíqua (three-quarters) direita, lateral spreader grafts ou os autospreader flaps) e de optimização
esquerda e lateral direita22. De forma a serem obtidas
fotografias reprodutíveis, deve ser adoptada uma posição
padronizada do doente, utilizando como referência o
plano de Frankfort (linha que une a porção cefálica do
tragus ao rebordo orbitário inferior) paralelo ao chão.
Os direitos e princípios éticos de protecção dos doentes
em relação à colheita de imagens estão assegurados
pelo consentimento informado para cirurgia que inclui
autorização para realização de fotografias com fins de
documentação, divulgação e ensino médico-científicos.
156 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
Planificação Pré-Operatória
O protocolo inclui uma folha reservada à planificação
pré-operatória da abordagem e técnicas cirúrgicas, a
representar num dos oito esquemas desenhados em anexo
(Figura 1) (vista da base, vista da base à transparência,
perfil dorsal esquerdo, vista frontal, perfil dorsal direito,
corte coronal septal mais anterior, corte coronal septal
mais posterior, corte sagital septal mediano). Pode, ainda,
ser assinalada a realização de morphing com recurso a
programas informáticos de simulação do aspecto final,
uma potencial ferramenta facilitadora da comunicação
entre o cirurgião e o doente23.

Registo Operatório
O Registo Operatório inicia-se pela identificação da equipa
cirúrgica, procedimento(s) a realizar e tipo de anestesia
utilizada. Consideramos ser útil do ponto de vista prático e
sumário a identificação imediata dos objectivos principais
generalistas da cirurgia na primeira folha de registo,
como sejam “alinhamento mediano” ou “redução de
bossa”, entre outros. De seguida, propomos seleccionar
a abordagem utilizada (aberta ou endonasal) e listar as
incisões realizadas.
A caracterização pormenorizada da abordagem ao septo
nasal é essencial (dorsal? extracorporal? hemitransfixiva?
outra?), bem como a descrição das regiões ressecadas
a nível cartilagíneo e ósseo, das descargas e das suturas
realizadas. Nesta secção é relevante o registo dimensional
das porções septais cartilagíneas removidas, bem como
dos segmentos dorsal e caudal do L-strut preservados.
Em relação à reconstrução, poderá identificar-se os
segmentos reposicionados e a confecção de struts caudais
ou septais. De seguida, propomos atentar detalhadamente
no trabalho realizado no dorso nasal. Em termos
esquemáticos, é mais prática a sua divisão em segmentos
cartilagíneo e ósseo, registando reduções ou aumentos
com especificação dimensional. Em relação ao primeiro
segmento, podem registar-se reduções da quadrangular
ou das triangulares ou aumentos com enxertos, com
resolução de bossas ou selas, respectivamente. Em relação
ao segundo, podem registar-se reduções centradas à área
K, acima ou lateralmente – com raspa, osteótomos ou
instrumento piezoeléctrico – ou aumentos com enxertos.
O documento permite ainda detalhar os procedimentos
de reconstrução do terço médio (como são exemplo os
do detalhe (como é exemplo o preenchimento com gel-
cartilagem)2,24.
Emrelaçãoàmobilizaçãodapirâmidenasal,afolhaderegisto
inclui uma tabela simplificada que lista as osteotomias mais
frequentemente realizadas (basais/laterais, intermédias,
medianas/paramedianas, transversas, outras), sendo
possível assinalar neste contexto qual a abordagem
(endonasal versus percutânea), instrumento (osteótomo
versus piezoeléctrico) e movimento (greenfracture versus
completo) utilizados. Nesta sequência, podem ainda ser
registados os movimentos de reposicionamento utilizados,