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dorsos rectilíneos de dorsos irregulares, especificamente subjectiva dinâmica do impacto da manobra de Cottle ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE
com bossas ou selas, de natureza variada. Nesta secção modificada – numa escala de 0 a 10 pontos – na perspectiva
poderá ainda registar-se a projecção do dorso e do rádix. do doente e do avaliador, em relação à percepção e
A ponta nasal é uma unidade extremamente complexa sonororidade do fluxo aéreo, respectivamente, podendo
e que merece especial atenção na inspecção externa do este mesmo quadro ser utilizado para esse efeito16.
nariz neste contexto. Inúmeras características devem A maior parte dos desvios da pirâmide associam-se
registar-se nesta secção, designadamente a adequação a desvios septais. É essencial avaliar em pormenor a
proporcional das suas dimensões à restante estrutura anatomia septal, com vista a aumentar o sucesso cirúrgico
nasal; a sua projecção e rotação, que devem ser distinguidas da rinosseptoplastia6,17. A caracterização anatómica do
cuidadosamente nesta avaliação; a sua definição; a sua septo nasal pode ser documentada com auxílio a três
simetria; a sua forma; e o seu suporte, de acordo com o esquemas integrados no protocolo (corte sagital mediano,
esquema em anexo13. Em relação à projecção da ponta corte coronal mais anterior, corte coronal mais posterior),
em particular, relembramos o conceito ideal proposto por onde estão representadas as cinco áreas de Cottle
Goode, segundo o qual esta deve corresponder a 0,55- integrando todas as estruturas cartilagíneas e ósseas que
0,60 da distância vertical do nasion à ponta14. É possível contribuem para a sua constituição. Propomos o registo da
estimar, ainda, as distâncias interdómica e interalar, sua integridade, atentando particularmente à existência
correspondentes, aproximada e respectivamente, à de perfurações transseptais ou ressecções cartilagíneas
largura da ponta e largura lobular. Os pontos de quebra prévias, bem como da sua posição. Em oposição aos
de supra-tip e infra-tip também podem ser registados no septos globalmente centrados, podem registar-se nesta
protocolo. Salientamos a importância da análise dinâmica secção os desvios septais especificados por localização/
com o sorriso na consulta, com o objectivo de documentar área de Cottle (I, II, III, IV, V e/ou caudal, anterior, posterior,
o efeito de rotação caudal da ponta na presença provável basal, alto, baixo), lateralidade, natureza e respectiva
de hipertrofia do músculo depressor do septo nasal15. morfologia/dismorfia septal (tilt/báscula septal; em C/S
Em relação à columela, propomos atentar nas suas anteroposterior; em C/S cefalocaudal; desvio localizado
dimensões, simetria e exposição, registando-se situações - crista condrovomeriana, esporão etmoidovomeriano,
do conhecido columellar-show (hanging columella) ou convexidade, fractura horizontal/vertical/oblíqua).
de retracção columelar, no outro extremo, considerando Tendo em conta a sua possível contribuição para quadros
a referência de exposição ideal de ~3-5mm10. É também de obstrução nasal crónica, podendo ser trabalhados
nesta secção do protocolo que se poderá documentar a cirurgicamente em complemento à restante cirurgia da
existência de desvios e/ou sub-luxações do bordo caudal, pirâmide e septo nasais, também os cornetos inferiores
evidentes a nível columelar1,4,6. merecem, na nossa perspectiva, particular atenção nesta
Por fim, no que diz respeito à base, o esquema permite avaliação18. Propomos registar a sua presença, aspecto e
a representação da sua forma, altura, largura e simetria, tamanho, registando-se casos de hipertrofia - de todo o
bem como caracterização das suas asas. A vista da base é corneto, da sua cabeça e/ou da sua cauda - em percentual
a referência para a sua análise, devendo o nariz coincidir à área ocupada pela estrutura turbinal no espaço
idealmente com um triângulo isósceles, onde a ponta e respiratório nasal compreendido entre a columela e a
a columela, ocupam, respectivamente um terço e dois parede lateral, excluindo o próprio corneto.
terços da sua altura1,4,6. Propomos, ainda, a caracterização Em complemento à avaliação instrumental convencional,
da forma narinária e de estenoses, quando presentes, tendo em conta a disponibilidade contemporânea de
bem como do vestíbulo, onde à semelhança das luxações material e a prática frequente desta técnica, propomos a
do bordo caudal se podem observar protusões mediais da realização de endoscopia nasal em ambas as fossas nasais
crura lateral da alar com impacto nesta unidade. respeitando os 3 corredores clássicos. Além da descrição
anatómica habitual do exame, deve registar-se o aspecto
Inspecção Endonasal da mucosa nasal e a existência, quando relevante, de
A segunda fase do Protocolo de Análise Estética e Funcional sequelas de cirurgias prévias (cicatrizes, sinéquias e/ou
Pré-Operatória baseia-se na Inspecção Endonasal do perfurações).
nariz e respectivas fossas nasais. As primeiras estruturas
que propomos serem avaliadas são as válvulas nasais Palpação
externa e interna. Um quadro resumo permite descrever A palpação do nariz não deve ser desvalorizada e constitui
anatomicamente a estrutura da válvula (estreita? larga? um passo importante do Protocolo de Análise Estética e
obstruída?) e identificar a eventual presença de colapso Funcional Pré-Operatória, tendo em conta o impacto que
inspiratório em repouso em ambos os lados. Neste representa na planificação do procedimento cirúrgico e
contexto, pode ainda utilizar-se a classificação de obstrução no seu resultado final. Sugerimos, por rotina, a avaliação
funcional de Sam Most6 [grau de colapso da parede lateral dos seguintes aspectos: textura, elasticidade, mobilidade
em direcção ao septo – 0; 1 (<33%); 2 (33-66%); 3 (>66%)], e espessura da pele (exemplo: fina, intermédia, grossa);
de visualização e memorização fáceis. Nesta secção, estimativa do comprimento e posição dos ossos próprios;
consideramos ser extremamente relevante a avaliação suporte septal do terço médio e da ponta; tonicidade
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