Page 35 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 54 Nº2
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Timpanoplastias tipo I em idade pediátrica: Os


          nossos resultados



          Type I tympanoplasty in children: Our results




          Ana Nóbrega Pinto   Teresa Soares    Miguel Bebiano Coutinho   Cecília Almeida e Sousa



          RESUMO                                            AbstrAct
          Objectivos: Avaliar os resultados da timpanoplastia tipo I em   Objectives:  To  evaluate  the  type  I  tympanoplasty  results  in      ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE
          idade  pediátrica  e  analisar  alguns  factores  referidos  como   children  and  to  analyze  some  factors  referred  as  potential
          potenciais determinantes no seu sucesso.          determinants in their success.
          Desenho  do  Estudo:  Estudo  observacional,  analítico  e   Study  Design:  Observational,  analytical  and  retrospective
          retrospectivo                                     study
          Material e Métodos: Análise de 22 processos clínicos referentes   Material and Methods: Analysis of 22 clinical cases of pediatric
          a  crianças  (<18  anos)    submetidas  a  timpanoplastia  tipo  I   patients (<18 years) undergoing primary type I tympanoplasty
          primária no Centro Hospitalar do Porto, entre 01/01/2013 e   in  Centro  Hospitalar  do  Porto,  between  01/01/2013  and
          31/01/2014.  Recolha  e  análise  de  variáveis  individuais  bem   01/31/2014.  We  collected  and  analyzed  individual  variables
          como determinação da taxa de sucesso anatómico e funcional   and  determined  of  the  corresponding  anatomical  and
          correspondentes.                                  functional success rate.
          Resultados: Obteve-se uma taxa de sucesso anatómico de 73%   Results:  An  anatomical  success  rate  of  73%  and  functional
          e de sucesso funcional de 82% (tempo médio de seguimento:   success  of  82%  was  obtained  (mean  follow-up:  16.77  ±
          16.77±7.11  meses).  As  taxas  de  sucesso  não  foram   07.11 months). Success rates were not significantly different
          significativamente  diferentes  entre  os  dois  grupos  etários   between the two age groups analyzed. The lowest anatomical
          analisados. O menor sucesso anatómico nas perfurações   success rate in larger perforations was statistically significant.
          maiores foi estatisticamente significativo.       Conclusions:  The  success  rates  obtained  are  consistent  with
          Conclusões:  As  taxas  de  sucesso  obtidas  são  concordantes   the results described in the literature. In this study the only
          com os resultados descritos na literatura. Neste estudo a   variable  related  to  anatomic  and  functional  failure  was  the
          única variável relacionada a insucesso anatómico e funcional   size of the perforation.
          foi o tamanho da perfuração.                      Keywords:  Tympanic  Membrane  Perforation,  Type  I
          Palavras-chave: Perfuração timpânica, Timpanoplastia tipo I,   Tympanoplasty, Pediatric.
          Pediatria
                                                            INTRODUÇÃO
                                                            A perfuração da membrana timpânica na infância surge
                                                            mais  frequentemente  como  consequência  de  otite
                                                            média aguda recorrente ou após colocação de tubos
                                                            de  ventilação  transtimpânicos  (TVT) . Em qualquer
                                                                                            1,2
                                                            das situações a persistência da perfuração com doença
                                                            activa  pode  ter  repercussões  importantes  com  um
                                                            impacto significativo na qualidade de vida das crianças.
                                                            No entanto, o tratamento cirúrgico desta patologia,
          Ana Nóbrega Pinto
          Interna de ORL do Centro Hospitalar do Porto      continua a ser um tema controverso.
                                                            As  taxas  de  sucesso  da  timpanoplastia  em  idade
          Teresa Soares
          Assistente Hospitalar Graduado do Serviço de ORL do Centro Hospitalar do Porto   pediátrica  descritas  na  literatura  são  muito  variáveis,
          Miguel Bebiano Coutinho                           oscilando entre 35% e 94% 2,4-8 . Esta grande variação
          Assistente Hospitalar Graduado do Serviço de ORL do Centro Hospitalar do Porto   parece  estar  relacionada  com  diferentes critérios de
          Cecília Almeida e Sousa                           selecção e diferentes definições de sucesso.
          Directora do Serviço de ORL do Centro Hospitalar do Porto
                                                            A existência de factores que possam influenciar o sucesso
          Correspondência:                                  da  cirurgia  continua  igualmente  a  ser  amplamente
          Ana Nóbrega Pinto
          ananobregapinto@gmail.com                         discutida.  De  entre  esses  factores  destacam-se  a
          Largo Prof. Abel Salazar, 4000 Porto
          +351222077500                                     idade, o tamanho e localização da perfuração, a causa
                                                            da perfuração, o estado do ouvido contralateral, a
          Artigo recebido a 20 de Abril de 2015. Aceite para publicação a 18 de Março de 2016.
                                                            função  da  Trompa  de  Eustáquio,  a  experiência  do
          Por opção dos autores a redacção do artigo não se encontra de acordo com o novo acordo   4,5
          ortográfico.                                      cirurgião e a técnica cirúrgica utilizada . Para cada um
                                                                                       VOL 54 . Nº2 . JUNHO 2016 105
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