Page 25 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 54 Nº2
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GRAFICO 1 TABELA 2
Motivo cirúrgico Características dos doentes divididos em grupos TT e TP
Características de base TT (68) TP (94)
Idade 55 ; (26 – 75) 51 ; (29 – 77)
(Mediana, percentil 5/95%)
Sexo
Feminino 60 (88%) 78 (83%)
Masculino 8 (12%) 16 (17%)
Disfonia 9 (13%) 5 (5,3%)
Disfonia permanente 3 (4%) 1 (2%)
Neoplasia maligna 37 (54%) 2 (2,1%)
(5/94). Utilizando o teste de Qui quadrado e um valor de p ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE
<0,05 como estatisticamente significativo, para relacionar a
disfonia com a extensão cirúrgica, verificamos que, embora
esta tenha ocorrido mais no grupo TT, esta relação não foi
estatisticamente significativa. Contudo o valor de p esteve
muito próximo de 0,05 (p=0,077). Calculando-se as razões
de risco, obtivemos um aumento de risco relativo entre TT e
disfonia de 2,49, com uma percentagem de risco atribuível de
aproximadamente 59%.
No que á incidência de neoplasia diz respeito, e como seria
de esperar, constatou-se forte relação e com significância
semana e sem necessidade de drenagem cirúrgica, um caso estatística entre neoplasia e extensão cirúrgica (p <0,05).
com cicatriz hipertrófica, um rash cutâneo e um caso de Analisando os casos de disfonia em relação com diagnóstico
trombose venosa profunda de um membro inferior num histológico, identificámos 6 casos em doentes com carcinoma
doente com carcinoma papilar. papilar, 1 caso num doente com carcinoma folicular e 7 casos
Os resultados histopatológicos das peças cirúrgicas, nos doentes com patologia benigna. Olhando para estes
são apresentados na tabela 1. De salientar que em dados e parecendo haver alguma associação entre carcinoma
123 dos resultados cirúrgicos, obtiveram-se resultados papilar e disfonia e, para melhor caracterizar esta associação,
anatomopatológicos benignos. dividimos o grupo dos doentes com disfonia em Carcinoma
papilar vs Outras Patologias. Com efeito, utilizámos tabelas
TABELA 1 de contingência e o teste do qui-quadrado e constatou-se
Diagnósticos Histológicos da peça cirúrgica associação estatisticamente significativa entre a presença
Diagnóstico Histológico Nº casos (%) de carcinoma papilar e disfonia, com p=0,029. Com base
nesta amostra e após obtenção de significância estatística,
Adenoma/Hiperplasia folicular/Tiroidite 123 (76%)
concluímos que o risco relativo de disfonia é 2,9 vezes superior
Carcinoma papilar 33 (20%) nos doentes com carcinoma papilar em relação aos restantes,
Carcinoma folicular 4 (2,5%) com uma percentagem de risco atribuível de ~65%.
Cancro Medular 1 (0,75%)
Cancro de células de Hurthle 1 (0,75%) DISCUSSÃO
Vários estudos têm procurado identificar e caracterizar a
prevalência, etiologia e outras características da disfonia pós-
Na tabela 2 apresentamos alguns dados da amostra, tiroidectomia. A estes estudos acrescentamos os resultados da
analisando separadamente os grupos Tiroidectomia Total (TT) revisão dum período de 10 anos de cirurgia da glândula tiróide
e Tiroidectomia parcial (TP). no serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar Vila
Dos 9 casos de disfonia no grupo TT, apenas 3 são disfonias Nova de Gaia/Espinho. Aqui procuramos também analisar
permanentes ( >1 ano pós cirurgia), e no grupo TP, dos 5 casos a relação da extensão cirúrgica e dos diferentes tipos de
de disfonia, 2 são permanentes. patologia com a disfonia.
No que à taxa de disfonia permanente diz respeito, esta foi de A taxa de disfonia no nosso estudo foi de 9%, tendo sido
3%, sendo que de 4% no grupo TT e 2% no grupo TP. inferior aos resultados de 14,6% no estudo de Soylu L et al
10
Comparando os pacientes por grupos Tiroidectomia total e em outros estudos.
(TT) e Tiroidectomia parcial (TP), constatámos mais casos de Por sua vez, disfonia permanente foi observada em 5 dos
disfonia (9/68) no grupo TT comparativamente ao grupo TP 162 doentes (3%). Foram reavaliados, em Dezembro de
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