Page 9 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1
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estabelecida a dimensão global da amostra partindo-  associação entre a prevalência de RS e as características
          se  de  uma  divisão  geográfica  consolidada.  Foram   demográficas foi estabelecida através do Teste de Qui-
          consideradas as áreas geográficas (para a estratificação)   quadrado e Teste de Fisher, para variáveis de natureza
          do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e   categórica, e Teste T para amostras independentes,
          Algarve  e  as  amostras  regionais  foram  definidas  com   para variáveis de natureza contínua. Para avaliação da
          base na população residente, com idades no intervalo   significância  e  peso  relativo  das  diversas  variáveis  na
          pretendido  (Instituto  Nacional  de  Estatística  –  INE,   definição  da  variável  diagnóstico  de  RS,  considerada
          recenseamento de 2001). Na segunda fase foram     como variável dependente para esta análise, foi
          seleccionados os concelhos em cada uma das regiões,   utilizada uma regressão logística pelo método de Enter.
          em número proporcional à dimensão regional da     A  inferência  estatística  dos  resultados  foi  feita
          amostra. A aleatorização dos concelhos foi precedida   considerando um nível de confiança de 0,05 (5%) e toda
          da sua distribuição em grupos de acordo, por um lado,   a  análise  estatística  foi  realizada  através  do  software
          com o conhecimento empírico do território nacional e,   SPSS, versão 15.0.
          por outro, com as características geográficas e socio-                                                   ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
          económicas de cada um.                            RESULTADOS
          Inicialmente considerou-se, de modo exploratório, a   Prevalência de rinossinusite
          avaliação de, aproximadamente, 4.000 utentes (em   Foram incluídos 1.201 utentes, com idade compreendida
          cerca  de 40  Centros de  Saúde), considerando-se um   entre os 14 e os 65 anos, que cumpriram todos os
          número esperado de casos de RS de 400 (10%). Assim,   critérios de inclusão do estudo, entre os meses de Maio
          previa-se  a  aplicação  de  questionários  de  avaliação   de 2008 e Junho de 2009. Destes, cerca de 71% eram
          de RS, aguda e/ou crónica, a todos os utentes que se   do sexo feminino sendo a média de idades de 41,7
          dirigiram à consulta dos Centros de Saúde, de forma   (41,7±13,2 anos), variando entre os 14 e os 65 anos.
          sequencial, até cada Centro incluir 100 utentes.   A prevalência global de RS na população dos Centros
          No decorrer do estudo verificou-se que o recrutamento   de Saúde foi de 19,2% (n=231), com um intervalo de
          não estava a ser sequencial, comprometendo a      confiança estimado a 95% (IC95%) de [17,1%; 21,5%].
          possibilidade de cálculo de prevalências, tendo-se   Verificou-se  que  a  prevalência  era  superior  para  o
          optado por monitorizar de forma presencial as inclusões   sexo feminino (16,0% vs 20,6%; p=0,039). No que
          e tendo-se reajustado a amostra. Deste modo, os dados   diz respeito à idade, não se registaram diferenças
          recolhidos na primeira fase não foram considerados   significativas na prevalência da patologia entre grupos
          (aproximadamente 400 casos).                      etários (p=0,054).
          Considerou-se, para o reajustamento da amostra uma
          prevalência esperada de 10%, um grau de significância   FIGURA 1
                                                            Prevalência de RS por grupo etário (n=1201; # doentes
          de 0,05 e assumiu-se uma margem de erro de 1,7%.   incluídos no estudo)
          Assim, a dimensão da amostra foi estimada em 1.190
          indivíduos.
          Para variáveis de natureza contínua foram apresentadas
          análises descritivas dos dados, incluindo a média e o
          desvio padrão (M  ±  DP) e  para  variáveis de natureza
          categórica foram apresentadas frequências absolutas e
          relativas.
          Foi  estimada  a  prevalência  pontual  de  doentes  com
          diagnóstico  de  rinossinusite  crónica  e/ou  aguda
          considerando o rácio entre o número de doentes com
          diagnóstico e o número de doentes incluídos, com um
          intervalo de confiança a 95% para o valor encontrado. O
          mesmo procedimento foi considerado separadamente
          no cálculo da prevalência pontual de doentes com   A prevalência global de RS aguda foi de 7,4% (n=89)
          diagnóstico  crónico  e  agudo  da  patologia,  com  um   com um IC95% [6,0%; 9,0%], correspondendo a 32%
          intervalo de confiança a 95% para os dois valores.  da população com RS. Por outro lado, a prevalência de
          Os doentes com diagnóstico de RS foram caracterizados   RS crónica foi de 13,0% (n=156) com um IC95% [11,2%;
          em  função  de  características  demográficas,  história   15,0%], o que corresponde a 61% da população com
          clínica e terapêutica através de medidas descritivas. A   RS. Dos 228 doentes com dados diferenciados para
                                                            diagnóstico, 61% apresentava diagnóstico de RS crónica


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