Page 69 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2
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CARLA BRANCO, JOÃO SUBTIL, HUGO ESTIBEIRO, LÍGIA FERREIRA,  MIGUEL MAGAL HÃES, JOÃO OLIAS





             A  região  mediana  da face  é a  mais atingi-     A  tomografia  computorizada  confirmou  o
          da,  imediatamente  secundada  pela região au-     atingimento da porção cartilagíneo  inferior do
          ricular8.                                          canal  auditivo  externo  sem  invasão  das  suas
             O  caso clínico seguidamente descrito demos-    paredes  ósseas,  e  o  envolvimento  do  lobo
          tra  a  agressividade  local  que  caracteriza  os   superficial  da parótida  (fig.  2).
          CBC da região auricular.



          CASO CLÍNICO


             Doente do sexo masculino de 78 anos, raça
          caucasóide, referenciado à consulta de ORL do
          Instituto Português de Oncologia de Lisboa por
          carcinoma  basocelular  do  pavilhão  auricular
          esquerdo,  com  evolução de 8 anos e recidiva-
          do após duas tentativas de exérese radical sob
          anestesia  local havia 7  e 2  anos.
             Negava  qualquer  queixa  nomeadamente
          otalgia, otorreia, otorragia, hipoacúsia ou  limi-
          tação na  articulação tempero-mandibular.
             A  lesão envolvia a  região periauricular infe-
          rior esquerda, lóbulo, antitragus,  incisura  inter-     FIGURA 2: TC  DOS OUVIDOS (CORTE  AXIAL)
          traguiana, concha e canal auditivo externo ho-                    LESÃO  INFILTRATIVA
                                                                    ENVOLVENDO A  PORÇÃO CARTILAGÍNEA
          molateral, sem atingir o anulus timpânico (fig.  1  ).        DA PAREDE  INFERIOR DO CAE,
                                                                      COM 28 MM NO SEU  MAIOR EIXO.






                                                                Foi  submetido  a  ressecção  temporal  lateral
                                                             esquerda  com  parotidectomia  superficial  e  es-
                                                             vaziamento supra-omo-hióideu homolateral com
                                                             reconstrução com  retalho  miocutâneo de gran-
                                                             de peitoral  (fig.  3),  seguida de Radioterapia.
                                                                O  resultado  anatomo-patológico  da  peça
                                                             operatória  revelou  tratar-se  de  um  Carcinoma
                                                             Basocelular estadiado em  pT4NOMO.
                                                                Como sequela pós-cirúrgica  há a referir parésia
                                                             facial que ao fim de 6 meses se classificava como
                                                             grau III  da classificação de House/ Brackmann.



                                                             DISCUSSÃO


                                                               O  pavilhão auricular e o canal auditivo têm
                FIGURA  1: CBC  DA REGIÃO PERIAURICULAR,
            AURICULAR E CANAL AUDITIVO EXTERNO ESQUERDO.     características  únicas  que  tornam  o  potencial

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