Page 81 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 43. Nº4
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MARIA CAÇADO!t, ANA PAUlA SANTOS, HUGO ESTIBEIW , TERESA TENDtiRO,
MIGUEL MAGAlHÃES, JOÃO O!IAS
muito rápido, ogressivo e habitualmente fatal. Umo vez nos tecidos, estes fungos opresen-
o rinosinusite agudo necrotizante. tam um grande a ngiotropismo, com in'Vosão
A rinosinusite agudo necrotizonte é uma do· dos paredes dos vasos e subsequente enfarte
enço pouco frequente e que roromente ofecto dos tecidos viz.inhos.
indivíduos saudáveis. A necrose tecidulor com respecfivo ocidose
A maioria dos casos ocorrem em diabéticos do meio favorece a multiplicação do fungo.
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em cetoocidose e em doentes oncológicos com Alguns outores chamaram o atenção paro
nevtropénio, e$peciolrnente se o contagem de o marcado invasão perineurol por porte destes
neutrófilos for inferior o 500 cél/pl' e/ou se organismos.
submetidos o terapêuticas imunossupressoro.s Nas fases tardias, o clínico é potogno:móni·
lcorticóides; derivados da ciclosporinot. co, com necrose tecidular de progressão muito
É mois frequente em doentes com neoplosi- rópido, com invasão do órbita ou craniano
as hematológicas do que com tumores sólidos, (formo rinocerebrol), quose sempre fotol.
afectando cerco de 2% dos doentes submeti .. Pelo contrário, a clínica inicial é muito pau·
dos o tronsplonfe de medulo'. co característico ou específico.
Forom descritos oindo cosos em doentes Ferguson? refere como sintomas mais fre-quen-
com insuficiência renal em diálise, mod ico~ tes o quadro subfebril. edema periorbitório ou
dos com desfe roxomino por sobrecarga de facial, diminuição do acuidade visual. dor n0o
feHo'. ~QI/façiol e semoçõo de one~le~io foçiQI,
Os ogentes potogénicos mois frequentemen- O sinol mois frequente no fose inicio! consiste
te envolvidos pertencem ô classe dos Zygomy. na pre~nço de á reas ulceradas ou de necrose
ceies e à ordem dos Mucorofes, tendo sido iso- do mucosa nasal, especialmente no cometo mé-
lodos fungos dos géneros Mvcor, Rhizopvs, dio, mos também do septo nasal e comekl inferior•.
Rhizomvcor e Absidio. No fose tardio o semiologio posso o reOec-
Ao termo frequentemente utilizado na prá ti- tir o envolvimento do órbita, dos pares crania-
ca dínico de Mucormicose deve-se portanto nos ou do invasão infracraniana.
preferir o termo Zygomicose. A imogiologio (TC/RMN) fvndomento I nos
Outros fungos podem estor envolvidos nesto foses ovonçodos do doenço, poro ovolioçõo
entidade d ínico e histopatológico, nomeado- do extensão do doença, não permite o diag·
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mente, como no 2 caso clínico, o Aspergillus. nóstico numa fase inicia l, podendo apresentar
Desconhece-se o exacto mecanismo potogé· imagens perfejtomente normais dos fossos
nico que: permfte o invasão tecidular por estes nasais/seios perinosois ou apenas espessa-
fungos, habiruolmente comensais~ mento do mucosa, sem erosões ósseas, não
Nos diabéticos descompensodos penso·se distinguindo estes doentes de doentes com
que o hiperglicemio e o ocidose favorecem o •banais • sinusites virais ou bacterianos.
multiplicoçõo destes fungos. Dei Gáudio et ai~ refere como sinal imogio-
A neutropénio e/ou imunodeficiência •natu· lógico mais consistente de rinosinusife agudo
rol" ou induzido qui mico mente nos doentes neo· necrotizante a fungos, em fase inidol o espes·
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pl6sicos e/ou submetidos o tronsplontes, expli- somente morcodo do mucoso do covidode
cariam o invos.õo tecidular por ineficácia dos nasal unilaterofmte.
mecanismos de fensivos. O diagnóstico é baseado no demonstr-ação
A relativo raridade do dnosinusite agudo do presença de fungos invadindo o mucoso
necrotizonte o fungos nos doentes com SIDA nasal/seios perinosois induzindo necrose teci-
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provavelmente reRecte a eficácia dos neutrófi .. dular Intenso, e no isolamento e identificação
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los em prevenir o crescimento dos fungos • desses fungos.
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