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fácil a sua mobilidade futura para esse hospital. Dessa forma,
também se ultrapassaria a habitual tentação dos hospitais
formadores integrarem os seus médicos internos, por via de
contratos individuais à margem do concurso público de acesso.
A incerteza que hoje todos os recém-especialistas têm
quando terminam a sua formação específica, seria também
ultrapassada, o que permitiria que esses médicos durante o
seu internato, pudessem organizar tranquilamente a sua vida
futura, e sem surpresas no final, já soubessem onde iriam
exercer a sua profissão.
O que acontece hoje, é uma violência para a vida pessoal
de cada novo médico especialista. Ao fim de 5 ou 6 anos de
formação, e com cerca de 35 anos de idade, acontece o que
todos temem. A deslocação para um qualquer hospital, que
obriga muitas vezes a uma deslocação nem sempre possível da
sua família. A consequência natural deste processo, é a rejeição
dessas vagas, e a opção por uma carreira fora do SNS que o
formou, e que de repente se vê sem mais um elemento, que
lhe poderia ser muito útil na construção da sua política publica
de saúde.
Esta penso ser a razão pela qual as vagas desses hospitais
mais carenciados, continuarão a existir, apesar dos incentivos
legalmente consignados para os médicos que as queiram
preencher.
A solução para este problema, para além desses incentivos que
me parecem indispensáveis, passa por uma reestruturação mais
profunda, que deveria ser estudada pela tutela em conjunto
com as organizações representativas da classe médica, para
que finalmente esta assimetria assistencial que hoje caracteriza
o nosso País possa ser ultrapassada.
Artur Condé
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