Page 14 - Revista SPORL - Vol 58. Nº2
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permitir a visualização direta de todo o ouvido médio, TABELA 1
tendo-se assumido como uma das vias preferenciais no Indicações para timapanotomia exploradora
acesso da abordagem à patologia do ouvido médio. A
timpanotomia exploradora poder ser realizada sobre Indicações para timpanotomia exploradora N %
anestesia geral ou local com recurso à otomicroscopia
ou otoendoscopia, através de uma abordagem Hipoacusia de condução 23 88%
transcanalar ou endaural. A entrada no ouvido médio é
possibilitada através da confeção e elevação do retalho Hipoacusia mista 1 3,8%
timpanomeatal entre as 6 e as 12h, a cerca de 8 mm
do annulus timpânico5. Apesar desta técnica ser de fácil Paralisia Facial Periférica 1 3,8%
execução, segura, e ser amplamente utilizada pelos
otorrinolaringologistas, a literatura é escassa no que Resistência a labirintectomia química 1 3,8%
toca à descrição dos achados intraoperatórios5,6.
Desta forma, os autores reviram as principais indicações Total 26 100%
e achados intraoperatórios em doentes submetidos a
timpanotomia exploradora na nossa instituição entre TABELA 2
2015 e 2019, pretendendo demonstrar a importância Causas de fixação ossicular
desta técnica como método diagnóstico e de
planeamento terapêutico. Causas de fixação ossicular n
Por aderências mucosas 6
MATERIAL E MÉTODOS Otosclerose 4
Trata-se de um estudo observacional, retrospetivo, Timpanoesclerose 1
longitudinal, no qual foram consultados os Congénita 1
processos clínicos de todos os doentes submetidos Total 12
a timpanotomia exploradora, na nossa instituição no
período compreendido entre 2015 e 2019, inclusive. A TABELA 3
identificação dos doentes foi obtida através da pesquisa Diagnóstico Intraoperatório
informática pelo código 2023 (ICD 9) e 09JH7ZZ,
09JJ7ZZ (ICD 10), foram recolhidos dados demográficos, Diagnóstico Intraoperatório n%
indicação cirúrgica, diagnóstico intraoperatório, Fixação da cadeia ossicular 12 46%
abordagem cirúrgica efetuada e complicações pós Descontinuidade da cadeia ossicular 5 19%
operatórias. Foram excluídos doentes com alterações à Colesteatoma 4 15%
otoscopia. A base de dados foi construída com recurso Status pós ossiculoplastia 3 11%
ao programa informático SPSS® (v.23, SPSS Inc., Chicago, Obliteração da janela redonda 1 3,8%
IL). Sem alterações 1 3,8%
Total 26 100%
RESULTADOS
Ao longo dos 5 anos foram submetidos a timpanotomia TABELA 4
exploradora unilateral um total de 45 doentes. Destes, Causas de descontinuidade da cadeia ossicular
19 foram excluídos por alterações no exame objetivo.
Assim um total de 26 doentes com otoscopia normal Causas de descontinuidade da cadeia ossicular n
foi submetido a timpanotomia exploradora unilateral Ausência da longa apófise da bigorna 1
com intuito diagnóstico. A idade média foi de 38,26
anos com um intervalo entre 5 a 77 anos, com igual Ausência da longa apófise da bigorna 1
predominância entre gêneros. e supraestrutura do estribo
A tabela 1 resume as principais indicações para 1
timpanotomia exploradora. A principal indicação foi Deslocamento da bigorna
surdez de condução (88%), sendo a sua causa mais 1
frequentemente idiopática, seguida de massa do ouvido Erosão da longa apófise da bigorna e fratura
médio de natureza indeterminada. da supraestrutura do estribo 1
O diagnóstico intraoperatório mais frequente foi a 5
fixação da cadeia ossicular (tabela 2), sendo a causa Luxação incudomaleolar
mais comum a existência de aderências mucosas entre
a cadeia ou entre a cadeia e a caixa do tímpano (23%). O Total
segundo achado intraoperatório mais frequentemente
encontrado foi a descontinuidade da cadeia ossicular principais achados intraoperatórios. Num doente não
(19%). Na tabela 3 encontram-se resumidos os foram encontradas alterações no ouvido médio. Não se
verificaram complicações intra ou pós operatórias.
DISCUSSÃO
A timpanotomia exploradora deve ser reservada para
doentes com suspeita de patologia do ouvido médio,
cujo diagnóstico não pode ser confirmado com base na
história clínica, otoscopia, e exames complementares
62 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO

