Page 44 - Revista SPORL - Vol 58. Nº1
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prega vestibular e ariepiglótica. O laringocelo externo    FIGURA 2
estende-se superiormente através da membrana tiro-         Imagem obtida de nasofibrolaringoscopia flexível revelando
hioideia, onde a atravessa através da abertura do          uma tumefação submucosa na região ventricular esquerda e
nervo e vasos laríngeos superiores, surgindo como uma      prega ariepiglótica ipsilateral (linha tracejada).
hérnia na região cervical alta, a nível do osso hioide e
anteriormente ao músculo esternocleidomastoideu.           FIGURA 3
A existência simultânea de ambos é denominada de           Imagem obtida de RMN cervical revelando um laringocelo de
laringocelo misto3,4,5.                                    contornos arredondados e definidos no espaço para-glótico
O objetivo deste artigo é apresentar um caso de um         esquerdo com extensão extra-laríngea através da membrana
laringocelo misto identificado clinicamente e tratado      tiro-hioideia (asterisco); A- Corte sagital; B- Corte axial.
cirurgicamente, assim como realizar uma revisão da
literatura relevante.

DESCRIÇÃO DO CASO
Doente do sexo masculino de 56 anos, caucasiano,
construtor civil, com antecedentes pessoais de abuso
de tabaco (30 UMA) recorreu ao serviço de urgência
de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de Vila
Nova de Gaia e Espinho por um quadro de tumefação
cervical esquerda e disfonia com 3 meses de evolução.
Associadamente referia ortopneia de aparecimento
recente. Negava febre, odinofagia, disfagia, sensação de
globus faríngeo, perda recente de peso e outras queixas
otorrinolaringológicas. Ao exame objetivo, apresentava
uma tumefação cervical esquerda alta, com 6 cm de
maior diâmetro, cística e redutível, com impulso positivo
para a tosse e aumento de tamanho após a manobra de
Valsalva. (Figura 1)

FIGURA 1
Tumefação cervical esquerda com aumento de tamanho após
a manobra de Valsalva (seta preta).

    Realizada uma nasofibrolaringoscopia flexível que
    revelou uma tumefação submucosa na região ventricular
    e prega ariepiglótica esquerdas, que aumentava com
    a manobra de Valsalva e causava obstrução parcial da
    região supraglótica. Não se visualizavam lesões suspeitas
    de neoplasia em toda a faringo-laringe. (Figura 2)
    Mediante estes achados, e perante a suspeita de um
    laringocelo misto, foi solicitada uma Ressonância
    Magnética Nuclear (RMN) cervical que confirmou a

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