Page 66 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 53 Nº1
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seios frontais, em comunicação entre si e com as fossas ao longo de 4 anos sem intercorrências clínicas e com
nasais, bem arejados e de fácil acesso endoscópico no aparente consolidação da fratura cominutiva observada
pós-operatório . Assegura-se ainda um melhor acesso em repetidos estudos imagiológicos por tomografia
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para terapêutica tópica. A abordagem externa, através computorizada crânio-encefálica.
de retalho osteoplástico, com ou sem obliteração do No final do ano 2013 iniciou seguimento em consulta
seio frontal, constitui uma alternativa cirúrgica. de Otorrinolaringologia por quadro de sinusite frontal
As indicações para realização do Lothrop modificado crónica, com agudizações recorrentes complicadas
incluem: insucesso do tratamento médico ou por irritação meníngea devido a deiscência da tábua
cirúrgico endoscópico conservador de rinossinusite
frontal crónica persistente, mucocelos do seio frontal, FIGURA 1
papiloma invertido invadindo o recesso e seio frontais, Reconstrução 3D de tomografia dos ossos da face: fratura
osteomas, traumatismos do seio frontal, e como cominutiva do frontal reconstruído cirurgicamente
alternativa à osteoplastia com retalho ou mesmo em
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caso de insucesso desta técnica . Existem também
contraindicações: recesso ou seio frontal hipoplásico,
inexperiência do cirurgião, inexistência de instrumentos
cirúrgicos adequados, doença sinusal restrita às células
etmoidais supra-orbitárias e não ao seio frontal e
mucocelo, osteoma ou outras doenças do seio frontal
localizadas em regiões de difícil acesso endonasal
(porção lateral e anterior do seio).
Neste artigo é descrito um caso clínico de sinusite frontal
crónica complicada por celulite frontal recorrente
resolvida com tratamento cirúrgico através da técnica
Lothrop modificada. São também discutidas as razões
da escolha deste procedimento.
MATERIAL
Doente do sexo masculino, seguido em consulta
de Neurocirurgia no Hospital Cuf Descobertas por
antecedente de fratura cominutiva do osso frontal
em 2009 no contexto de acidente profissional, que foi
reconstruída cirurgicamente (Fig. 1). Foi acompanhado
FIGURA 2
Tomografia computorizada (corte sagital e axial): preenchimento do seio frontal, obliteração óssea do recesso frontal, deiscência da
tábua posterior, fleimão da face
64 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL