Page 51 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº1
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JOÃO SUBTIL,  CARLA BRANCO, PAULO  BORGES  DINIS





             O  desenvolvimento da técnica  endoscópica
          possibilitou também  incluir entre as  indicações
          endonasais  patologia  diversa,  como  o  muco-
          ceio  frontal  e  pequenos  osteomas  localizados
          ao recesso.
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             Em  1995 Weber e col. sumarizou em quatro
          tipos as técnicas endonasais  possíveis  para re-
          solução de patologia inflamatória do seio fron-
          tal,  e  que  inclui  o  designado  tipo  III,  no  qual
          basicamente  se  adapta  a  técn ica  original  des-
          crita por Lothrop à  era  da cirurgia micro-endos-
          cópica  por via endonasal.
             A  ressecção  de osteomas  frontais  intrasinu-
          sais  leva,  porém,  e  ainda  hoje,  a  to marem-se
          frequentemente  decisões  cirúrgicas  que  envol-
          vem vias de abordagem externas e amputação
          funcional  do seio.
             N o presente artigo os autores descrevem um
          caso  cirúrgico  em  que  na  ressecção  de  um
          osteoma  intrafrontal  obliterando  o  ostium,  se
          procede  a  uma  abordagem  externa  (sinusoto-
          mia  frontal)  para possibilitar em  última análise
          a  execussão de uma  variante da técnica  origi-
          nal  de  Lothrop,  (através  de  uma  incisão  de   FIGURA  1: TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA NASO-SINUSAL
                                                              EM INCIDÊNCIA CORONAL, MOSTRANDO A  LOCALIZAÇÃO
          Lynch  em  alternativa  à  incisão  da  etmo idecto-
                                                                     INTRA-SINUSAL DO OSTEOMA FRONTAL.
          mia  externa),  com  o  fim  de  se  conciliar  total
          ressecção  tumoral  com  aspectos  críticos  de
          restablecimento da função sinusal.
                                                                O  septo  intrasinusal  é  incipiente,  o  seio
                                                             frontal  está  amplamente  pneumatizado,  sobre-
          CASO CLÍNICO                                       tudo  à  esquerda, e  a  área  infundibular frontal
                                                             conjunta  é  larga.  Foi  proposta  à  paciente  a
            Mulher de 61  anos com  um  quadro  de  três     exérese  cirúrgica tumoral,  que veio a  aceitar.
          anos  de evolução  de  cefaleias  frontais  persis-   A  cirurgia inicia-se  com uma tentativa endos-
          tentes,  predominantemente à direita, sobretudo    cópica endonasal, após etmo idectomia anterior
          aquando de infecções respiratórias agudas.         e abertura e alargamento do recesso frontal, de
            Tomografia  computorizada  dos  seios  peri-     remoção  do  osteoma,  de  baixo  para  cima,
          nasais,  em  cortes  coronais,  revela  volumosa   através  do pavimento sinusal  (Figura 2).
          opacidade  de  densidade  óssea,  de  cerca  de       Como  cedo  tal  se  revelasse  impossível
          1  ,5cm  no  seu  maior  diâmetro,  no  interior  do   dadas  as  dimensões  e  imobilidade da  massa
          seio  frontal  direito  ocupando  a  região  do  in-  óssea,  veio  a  reverter-se  a  abordagem  numa
          fundibulo do seio e obliterando parcialmente o     via  externa  através  de  uma  incisão  de  Lynch
          ostium, compatível com o diagnóstico de osteo-     (Figura  3),  com  sinusotomia  frontal  direita  de
          ma,  sem  evidência  de  patolog ia  inflamatória   pequena dimensão  (Figura  4) e acesso  directo
          nasosinusal  (Figura  1).                          ao tumor pela  sua  porção superior.


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