Page 7 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº3
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Atrésia coanal - Os últimos anos de
prática do Hospital Dona Estefânia
Artigo Original
Autores Resumo
Objetivo: descrever e caraterizar o grupo de
Tiago Infante Velada crianças com diagnóstico de atrésia coanal (AC)
CHULC, Portugal seguidas no Hospital Dona Estefânia (HDE)
durante os últimos 13 anos.
Ricardo Damaso Desenho do estudo: observacional descritivo.
CHULC, Portugal Materiais e métodos: análise dos dados de 16
Isabel Correia crianças com diagnóstico de AC submetidas a
CHULC, Portugal cirurgia.
Resultados: treze doentes são do sexo feminino
Herédio Sousa e três do sexo masculino. Identificaram-se nove
CHULC, Portugal casos de bilateralidade e sete unilaterais. Quanto
ao tipo de obstrução, doze são do tipo misto e
Ezequiel Barros quatro do tipo ósseo. Seis casos associavam-se a
CHULC, Portugal síndrome de CHARGE. Registaram-se seis casos
de recidivas que foram reintervencionados.
Conclusões: Os dados demográficos são
semelhantes aos da literatura. A taxa de sucesso
cirúrgico foi superior nos casos de AC bilateral.
Palavras-chave: atrésia coanal, correção cirúrgica,
transnasal
Introdução
A atrésia coanal (AC) é uma malformação
congénita rara que se carateriza pela obstrução
dos orifícios nasais posteriores, provocada por
uma falha na sua permeabilização durante o
desenvolvimento embrionário.
A incidência nos recém-nascidos (RN) é de
1 em cada 5000-8000 nados vivos , com
1
predominância no sexo feminino num ratio
de 2:1. Atualmente, é caracterizada como
osteomembranosa/ mista, que corresponde a
70% dos casos, ou óssea. A AC unilateral ocorre
em 2/3 dos casos, sobretudo à direita . 1
Existem várias teorias que propõem explicações
para o seu surgimento, nomeadamente a
persistência da membrana bucofaríngea,
falha na rutura da membrana nasobucal
Correspondência: de Hochstetter ou a presença de adesões
Tiago Infante Velada mesodérmicas . A maior incidência em
2
tvelada@campus.ul.pt
síndromes genéticas como o CHARGE ou o
Artigo recebido a 9 de Setembro 2021. Treacher-Collins também pode ser explicada
Aceite para publicação a 31 de Janeiro de 2022.
Volume 60 . Nº3 . Setembro 2022 163