Page 12 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 51. Nº2
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FIGURA 5 DISCUSSÃO
Distribuição dos mergulhadores em dois subgrupos, de acordo A população estudada é uma população jovem, embora
com a evolução positiva ou negativa dos valores de PF inspiratório
nasal após o mergulho e dos dias de exercício (FR). N = 11 com algumas diferenças em termos de idade, entre
Nacionalidades. No entanto, essa diferença é suplantada
pela semelhança e uniformidade dos grupos em termos
de antecedentes pessoais considerados relevantes para
este estudo (nomeadamente tabagismo, prevalente
apenas numa pequena percentagem e com uma média
diária de cigarros fumados quase insignificante; e rinite,
sem prevalência relevante nos nossos mergulhadores).
Da mesma forma, e apesar da aparente diferença entre
os anos de mergulho entre as diversas Nacionalidades,
estas apresentam uma uniformidade significativa em
termos de experiência em mergulho, com muitas horas
globais de mergulho e prática considerável em mergulho
profundo.
Relativamente às características do exercício e dos
mergulhos efectuados, verificou-se que a uniformidade
entre Nacionalidades foi novamente a regra, tratando-se
globalmente de mergulhos exigentes – pela profundidade
atingida e o tipo de operações subaquáticas requeridas
FIGURA 6
Valores médios de PF antes e após mergulho, de acordo com –, dificultados pela má visibilidade dentro de água e a
os dias do exercício (FA – L/min). N = 33. temperatura média diária da mesma (17,6º C em média
representam risco de hipotermia, atendendo à duração
dos mergulhos – por vezes superiores a uma hora –, e
ao gasto de energia acrescido pela actividade física e
stress psicológico envolvidos no cumprimento das tarefas
atribuídas).
Em termos da avaliação subjectiva da obstrução nasal,
verificou-se a inexistência de queixas muito significativas
no início do estudo. O score médio dos diversos
parâmetros estudados – 2,1 –, aponta para a ocorrência
de sensação de obstrução nasal só em raras ocasiões,
o que se manteve ao longo do exercício, com um score
médio final de 2,0. No entanto, o inquérito diário
efectuado aos mergulhadores logo após o mergulho
apontou para um agravamento progressivo das queixas
de obstrução nasal, com um score médio no último dia
do estudo de 3,4. Esta diferença de resultados poderá
FIGURA 7
Evolução dos valores médios de PF antes e após mergulho, de ser explicada por uma eventual sensação de obstrução
acordo com os dois subgrupos de mergulhadores e os dias do nasal imediata após o mergulho (e registada no inquérito
exercício (FA – L/min). N = 33. diário), que se vai desvanecendo ao longo do dia, não
afectando grandemente a percepção global da respiração
nasal dos mergulhadores.
Em relação aos diversos parâmetros estudados nos
inquéritos inicial e final do estudo, verificou-se que,
na grande maioria dos mergulhadores, houve uma
manutenção (58,6%) ou melhoria (22,8%) dos scores
médios atribuídos. O agravamento mais frequente de
alguns parâmetros em particular (ligados ao acordar
com queixas) poderá ser explicado pela desidratação e
cansaço físico e psíquico dos mergulhadores após tantas
horas de actividade num meio tão adverso quanto o
meio subaquático.
Relativamente à avaliação objectiva da obstrução nasal
dos mergulhadores, verificou-se, como seria de esperar
em indivíduos altamente especializados e seleccionados
78 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

