Page 7 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 48 Nº4
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Cirurgia estapédica na otosclerose: análise
retrospectiva de resultados
Stapes surgery for otosclerosis: retrospective
analysis of outcomes
Ana Guimarães Ana Hebe Filipe Freire João Prata Gabão Veiga
RESUMO SUMMARY
Objectivo: Relatar os resultados auditivos da cirurgia Objective: To report hearing results of primary stapes surgery ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
estapédica na otosclerose numa série consecutiva de 99 for otosclerosis in a consecutive series of 99 ears.
ouvidos. Materials and methods: Retrospective chart review of eighty-
Materiais e métodos: Revisão retrospectiva dos processos four consecutive patients who underwent stapedectomy (99
clínicos de 84 pacientes consecutivos, submetidos a estapedectomia ears) in a District General Hospital.
(99 ouvidos) num Hospital Distrital. Results: The mean 4-frequency (0.5, 1, 2 and 4 KHz) postoperative
Resultados: O gap aero-ósseo (AO) médio de 4 frequências air-bone gap (ABG) was 5,4 dB, the preoperative minus
(0.5, 1, 2 e 4 KHz) no pós-operatório foi de 5,4 dB. O gap postoperative ABG (hearing gain) was 23,1 dB. A postoperative
AO pré-operatório menos o gap AO pós-operatório (ganho ABG ≤10 dB was obtained in 87,5% of cases. A significant
auditivo) foi de 23,1 dB. Obteve-se um gap AO pós-operatório postoperative sensorineural hearing loss (>15 dB) was seen
≤10 dB em 87,5% dos casos. Ocorreu uma perda auditiva in 5,9% of cases.
sensorioneural pós-operatória significativa (>15 dB) em 5,9% Conclusion: Our data support the efficacy and safety of stapes
dos casos. surgery for otosclerosis.
Conclusão: Os nossos resultados confirmam a eficácia e Key-words: Stapes surgery; otosclerosis; results
segurança da cirurgia estapédica na otosclerose.
Palavras chave:Cirurgia estapédica; otosclerose; resultados
INTRODUÇÃO
Após a primeira descrição de anquilose do estribo que
data de 1704, Politzer em 1874 foi o primeiro a referir-
-se a esta patologia como otosclerose. Ainda no século
XIX foram feitas as primeiras tentativas de mobilização
e remoção do estribo com o objectivo de melhorar
a audição, que se acompanharam de resultados
desastrosos de labirintite e complicações intracranianas
por vezes fatais. No início do século XX, surgiram então
técnicas alternativas de fenestração do promontório
ou do canal semicircular lateral (CSCL), com resultados
satisfatórios. No entanto foi Rosen quem, em 1952,
ANA GUIMARÃES ao testar a mobilidade do estribo previamente à
Interna do Internato Complementar do Serviço de ORL do Hospital Fernando Fonseca
fenestração do CSCL, redescobriu o efeito que a
ANA HEBE
Assistente Hospitalar do Serviço de ORL do Hospital Fernando Fonseca mobilização do estribo podia ter na audição destes
pacientes. Em 1956, John Shea realizou a primeira
FILIPE FREIRE
Assistente Hospitalar Graduado do Serviço de ORL do Hospital Fernando Fonseca estapedectomia num paciente com otosclerose,
JOÃO PRATA usando uma prótese de teflon. Desde então várias
Chefe de Serviço do Serviço de ORL do Hospital Fernando Fonseca
modificações têm sido introduzidas à técnica cirúrgica,
GABÃO VEIGA
Director do Serviço de ORL do Hospital Fernando Fonseca condicionando também uma evolução nas próteses
utilizadas.
Correspondência:
Ana Guimarães Embora estejam actualmente disponíveis outras opções
Serviço de Otorrinolaringologia
Hospital Fernando Fonseca, Amadora-Sintra, Estrada IC-19, 2720 Amadora terapêuticas igualmente eficazes para a hipoacúsia
e-mail: anaguimaraesnp@hotmail.com
Tlf.: 96 607 67 21
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