Page 57 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2
P. 57
A. MARGARIDA AMORIM, SANDRA COSTA, JC NEVES, S. PAIVA, C. GAPO, V. SOARES, J. RIBEIRO,
J ROMÃO, P. TOMÉ, A. PAIVA
i. Medula óssea assimétrica sem erosão óssea a favor da disfunção tuba r I
ii. Célula arérea gigante otite seromucosa.
Esta última, apoiada também pela otos-
Com excepção das apicites petrosas e da copia e audio e impedâncimetria.
osteomielite da base do crânio e das variantes Concomitantemente na RM a lesão isointen-
do normal, todas as lesões do ápex petroso sa em Tl, hiperintensa em T2 e com captação
1
são melhor tratadas cirurgicamente M . marginal (em aro) de contraste também pode
No nosso caso, tal como habitual nestas le- ser característica do mucocelo e faz o diagnós-
sões, a clínica é muito inespecífica pelo que pa- tico diferencial com outras lesões.
rece tratar-se de uma lesão em estado inicial. De referir que o sinal do mucocelo na RM é
O facto de ter desaparecido após alguns variável conforme a idade deste.
meses, mesmo sem tratamento médico-cirúrgi- Se o conteúdo tem um alto teor em água e
co, e ter sofrido remodelação óssea apoia hi- pobre em proteínas, o sinal é como o referido
pótese de se tratar de uma lesão benigna de para o nosso caso, mas se tem uma concen-
tipo inflamatório. tração mais rica em proteínas já passa a ser
28
O mucocelo do ápex petroso direito associa- hiperintenso em Tl e T2 .
do a disfunção tubar/otite seromucosa é a hi- O facto de ter desaparecido com refor-
pótese mais plausível. mação da cortical óssea do apéx petroso,
Trata-se de um quisto delineado por epitélio mantendo-se um preenchimento deste e man-
18
pseudoestratificado colunar ciliado , mais fre- tendo-se os níveis hidro-aéreos nas células mas-
quente nos SPN. toideias ipsilaterais e aparecimento de lesões
Surge secundariamente a obstrução de típicas de otomastoidite no ouvido CL, também
18
glândulas mucosas . apoia esta hipótese de uma lesão benigna.
No caso em estudo resultaria da obstrução da O diagnóstico diferencial impõe-se com o
drenagem de um apéx petroso muito pneuma- colesteatoma congénito ou adquirido do apéx
1116 24 25
·
tizado310 com acumulação de muco não drena- petroso · · • - lesão sólida com uma cápsula
do evoluindo para a cronicidade, com aumen- de epitélio escamoso estratificado contendo
tada produção de proteínas e reabsorção ex- queratina descamada.
clusivamente de água, aumentando a concen- Surge na TC como uma massa inespecífica,
28
tração do muco e a viscosidade . isodensa com LCR, que não toma contraste, com
A destruição óssea ocorreria por necrose margem regular e erosão óssea variável (+) e
18
devido a pressão . o apéx contralateral (CL) geralmente não pneu-
A clínica e o resultado dos exames comple- matizado.
mentares são a favor desta hipótese, principal- Se o colesteatoma for adquirido, com inicio
mente a TC e a RM. na caixa do tímpano, há continuidade das
18 11 16 24
Na TC, apesar de não termos a mensuração opacificações e lise óssea · · · •
das densidades (unidades Hounsfield), trata-se Na RM surge hipo ou iso intenso em Tl e hipe-
18111624
de uma lesão hipodensa no ápex direito com rintenso em T2; sem realce após Tl Gad · · · •
características de erosão óssea regular, que Apesar da semelhança imagiológica, que
seria causada pela compressão do quisto, com dificulta o diagnóstico diferencial, uma lesão
captação marginal de contraste pela mucosa deste tipo nunca poderia evoluir para a cura
14
deste e com o ápex contralateral muito pneu- sem cirurgia •
matizado. Habitualmente um mucocelo não tratado
Também o preenchimento da mastóide e tem tendência a aumentar de volume a um
ouvido médio por densidade de tecidos moles ritmo lento e imprevisível.
--- 176 --------------------------------------------------------

