Page 37 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2
P. 37

MÁRIO MORAIS-ALMEIDA, CARLOS  NUNES, ÂNGELA GASPAR, MANUEL BRANCO-FERREIRA





            Esta diferença poderá ser atribuída aos dife-      Relativamente  à  presença  de rinoconjuntivi-
         rentes contextos  em  que os estudos foram  reali-  te  (considerando  os  indivíduos  que  tinham,
         zados, salientando-se que as características dos    concomitantemente,  queixas  nasais  e  ocu-
         indivíduos com  diagnóstico de  rinite  nas  duas   lares),  verificou-se  uma  prevalência  de  18.4  e
         amostras do estudo ARPA são muito semelhantes.      de  15 .7%,  respectivamente  entre  a  amostra
            Procedeu-se  à  análise  da  prevalência  de ri-  dos  centros  de  saúde  e  de estudantes,  poden-
         nite  segundo  algumas  das variáveis  gerais  de   do-se  estimar que entre  estes  casos,  maioritari-
         caracterização.                                     amente,  existirão  sensibilizações  a  aeroa-
            A prevalência de rin ite por sexo permitiu ve-   lergénios.
         rificar que  esta  patologia  será  mais  frequente   Com  o  estudo  ARPA,  foi  possível  pela  pri-
         nas  mulheres  do que nos  homens (p<0.00 1  ).     meira vez em  Portugal, estimar a frequência re-
            No referente à prevalência de rinite por classe   lativa  da  rinite  intermitente  (menos  de  4  dias
         etária,  não se  verificaram  diferenças significati-  por semana  ou  menos  de 4  semanas  por ano)
         vas  entre  três  grupos  etários  considerados  na   versus  persistente  (com  sintomas  mais de 4  se-
         amostra dos cuidados de saúde primários,  inferior   manas  por ano e  mais de 4  dias por semana)
         a 25 anos, 25 a 64 e superior a 64 anos (p=0.9),    numa  grande  amostra  de  base  populacional,
         pelo  que  a  idade a  partir da  adolescência  não   evidenciando-se  um  equilíbrio entre as  mesmas
         parece constituir  um  factor que  influencie  a  pre-  (48  vs  52%),  sendo  a  percentagem  de  rinite
         valência  de rinite,  o  que está  de acordo  com  a   persistente significativamente superior à  encon-
         própria história natural desta doença.              trada  num  estudo  epidemiológico  efectuado
                                                                                          15
            Na  população  de  estudantes  a  correlação     em seis países europeus (29%)  ,  podendo esta
         efectuada entre  a  idade e a  gravidade atribuí-   situação  realçar a  importância dos  alergénios
         da à  doença  mostrou-se  estatisticamente  signi-  perenes,  muito  prevalentes no nosso país.
         ficativa,  ainda  que  muito  baixa  (R=0.092,        Se  tivéssemos  considerado  como  tendo
         p=0.027),  sendo  que  quanto  mais  elevada  a     rinite apenas os  indivíduos aos quais já foi dito
         idade,  maior a  gravidade atribuída à  rinite.     alguma vez por um  médico que tinham rinite, a
            Devido à  dimensão da população estudada         prevalência seria de cerca de 9% em ambas as
         nos centros de saúde,  foi  possível  investigar di-  populações estudadas.
         ferenças regionais, sendo que a prevalência mais      Esta  diferença muito acentuada realça a  fal-
         elevada de rinite  foi identificada  na  região do   ta  de valorização e  consequente  subdiagnósti-
         A lentejo,  sendo o Algarve a  região com preva-    co  desta  patologia  na  população  portuguesa,
         lência  mais baixa  (tabela  4).                    confirmada até por uma percentagem cerca de



                                     Prevalência {IC  a  95%)                    Odds ratio

           Norte                          24.6 (23  a  27%)                     0.93  (p>0.05)
          Centro                          26.7 (25 a  29%)                      1.03  (p>0.05)
           LVT  *                         28.7 (27 a  3 1%)                     1.14 (p=0.034)
          Alenteio •                      30.2  (26 a  34%)                     1  .22 (p=0.038)
          Algarve **                      16.0 (  13  a  20%)                   0.54 (p<0.001)

           *  Superior à  média  nacional;
           ** Inferior à  média  nacional  (p<0.05)

                             TABELA 4 : PREVALÊNCIA DE  RINITE  POR  REGIÃO E RESPECTIVO ODDS RATIO.

         -   -  156 ------ ----------- --- ---------
   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41   42