Page 39 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2
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MÁRIO MORAIS-ALMEIDA, CARLOS NUNES, ÂNGELA GASPAR, MANUEL BRANCO-FERREIRA
A correlação efectuada entre a idade e a As consideráveis prevalência de rinite en-
gravidade atribuída à doença não se mostrou contradas, atingindo até cerca de 40%, são
estatisticamente significativa (R=O.O 1 O, p=0.7). coincidentes com os achados de Wright e cola-
Nas duas populações incluídas no estudo boradores (prevalência de rinite alérgica de 42%
ARPA, os indivíduos a quem um médico diag- em crianças de 6 anos, incluídas no conhe-
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nosticou previamente rinite atribuíam uma gravi- cido estudo prospectivo de Tucson) , os de
dade significativamente superior à sua doença. Greisner e colaboradores (prevalência cumula-
Também são aqueles que tomaram medica- tiva de rinite alérgica de 46% aos 40 anos de
mentos no último ano e a quem foram solicita- idade, determinada num estudo prospectivo
dos testes cutâneos que atribuíram valores mais com a duração de 23 anos, incluindo inicial-
elevados da escala de gravidade (tabela 6). mente estudantes no final do ensino secundá-
Dos principais achados de ambas as fases do rio)17 ou os resultados encontrados em alguns
estudo; realça-se a maior prevalência de sintomas centros do Reino Unido, incluídos no European
entre os estudantes e a maior gravidade média, Community Respiratory Health Survey (ECRHS),
referida entre os utentes dos centros de saúde. onde foram estudados adultos jovens 10 .
A associação de sintomas nasais e oculares,
suportando o diagnóstico de rinoconjuntivite alér-
gica, apresenta prevalências significativas. CONCLUSÃO
O subdiagnóstico e o subtratamento parecem
muito consistentes em ambas as vertentes popu- Um conhecimento mais profundo do impacto
lacionais do estudo. da rinite na população nacional, fica enriqueci-
Analisando os sintomas individuais referidos do com os resultados obtidos nestes estudos, tor-
no último ano e nas duas amostras popula- nando-se evidente que mais investigação é ne-
cionais incluídas no estudo ARPA, observou-se cessária para esclarecer os factores de risco a
uma frequência de sintomas referidos entre os que a população está exposta, justificando o
estudantes significativa mente superior aos da aumento de prevalência e gravidade das doen-
população recrutada a nível dos cuidados ças alérgicas, transversal a todos os grupos
primários (p<0.05), sendo esta situação parti- etários, afectando a qualidade de vida, inter-
cularmente marcante no que se refere aos ferindo com o desempenho escolar e laboral e
quadros de obstrução nasal (tabela 7). tendo um significativo impacto sócio-económico.
A escolha da medicação, deverá ser orien- A rinite é a doença alérgica mais frequente,
tada para a utilização de fármacos eficazes e existindo no nosso país uma clara situação de
seguros, permitindo o controlo da doença de subdiagnóstico e de subtratamento desta pato-
acordo com o predomínio dos sintomas, sem logia crónica das vias aéreas superiores, factor
efeitos adversos significativos, com particular de risco e frequentemente associada à asma
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relevância nas populações em estudo · . brônquica.
ESTUDO ARPA ESTUDANTES CENTROS DE SAÚDE
População 1 5-25 anos População > 1 5 anos
Esternutação/ prurido 38 .4 32.2
Rinorreia 34.6 2 1.5
Obstrução nasal 42. 2 23.4
TABELA 7: PREVALÊNCIA INDIVIDUAL DE SINTOMAS NOS ÚLTIMOS 12 MESES ("'o)
- ESTUDO ARPA (DIFERENÇAS ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS - P<O.OS).
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