Page 7 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº2

Timpanoplastias: Casuística de 10 anos

Clara Pedro Mota Francisco Marques Suzete André Nuno Lousan

RESUMO INTRODUÇÃO
Objetivos: Análise de fatores preditivos de sucesso de A perfuração da membrana timpânica (MT) é uma
timpanoplastias realizadas em doentes com otite média crónica sequela frequente de otite média crónica (OMC),
não colesteatomatosa (OMC-NC). podendo provocar hipoacusia e otorreia recorrente .
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Desenho do Estudo: coorte, retrospetivo. A timpanoplastia é um procedimento cirúrgico realizado
Material e Métodos: Análise das timpanoplastias realizadas em
doentes com OMC-NC entre 2010 e 2019, no Centro Hospitalar com o objetivo de restaurar a integridade da MT, com
do Tâmega e Sousa. ou sem reconstrução da cadeia ossicular, para prevenir
Resultados: Foram analisados 366 procedimentos em 312 a reinfeção e melhorar a acuidade auditiva. Diversas
doentes, com idades compreendidas entre os 8 e os 70 anos. técnicas e tipos de enxerto têm sido descritos, não
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A taxa de sucesso anatómico foi de 80,6%, sendo que a das existindo uma opção ideal para todas as situações . ARTIGO ORIGINAL
perfurações posteriores foi superior à das subtotais (86,5% vs Na literatura, estão relatadas taxas de sucesso anatómico
72,2%, p=0,024). A taxa de sucesso audiométrico foi de 77,7%, (integridade da plastia) entre 74,4-96% e taxas de sucesso
sendo superior aquando da utilização de enxerto de fáscia funcional, definido por um gap aéreo-ósseo (GAO) pós-
temporalis comparativamente ao uso de pericôndrio com operatório < 20dB, entre 61-81,7% .
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cartilagem tragal (82% vs 70,4%, p=0,043). O objetivo deste trabalho foi analisar os resultados
Conclusões: Este estudo confirma a eficácia da timpanoplastia anatómicos e funcionais das timpanoplastias realizadas
na correção de perfurações timpânicas e na melhoria auditiva.
Nesta série, o sucesso anatómico pareceu ser influenciado pela em doentes com OMC não colesteatomatosa (OMC-
localização da perfuração e o sucesso audiométrico pelo tipo de NC) no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS)
enxerto utilizado. e identificar potenciais fatores que influenciem o seu
Palavras-chave: Timpanoplastia, Otite Média, Perfuração da sucesso.
Membrana Timpânica
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado uma análise retrospetiva dos processos
clínicos dos doentes com o diagnóstico de OMC-
NC submetidos a timpanoplastia no Serviço de
Otorrinolaringologia (ORL) do CHTS, entre janeiro de
2010 e dezembro de 2019. Foram definidos como
critérios de exclusão as seguintes condições: deteção
de colesteatoma intra-operatoriamente, doentes
submetidos a mastoidectomia no mesmo tempo cirúrgico,
ausência de um período mínimo de seguimento após a
cirurgia de 3 meses e registos clínicos insuficientes.
Após a aplicação dos critérios de exclusão, foram
analisados 366 procedimentos em 312 doentes. Foram
colhidas as seguintes variáveis: sexo, idade à data da
cirurgia, antecedentes de cirurgia de ORL, presença de
Clara Pedro Mota perfuração timpânica bilateral, lateralidade do ouvido
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Portugal operado, localização e tipo de perfuração, tipo de
Francisco Marques timpanoplastia realizada, via de abordagem cirúrgica,
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Portugal enxerto utilizado, cirurgia primária ou de revisão,
Suzete André integridade da plastia, estudos audiométricos pré- e pós-
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Portugal cirúrgicos e tempo de seguimento.
Nuno Lousan A localização da perfuração foi classificada em anterior,
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Portugal posterior ou subtotal (quando ocupava as regiões

anterior e posterior). O tipo de perfuração correspondeu
Correspondência: à presença de annulus timpânico íntegro (central) ou não
Clara Pedro Mota
clarapedro6@hotmail.com (marginal). Todos os doentes foram intervencionados
sob anestesia geral. A classificação utilizada para
Artigo recebido a 9 de Setembro 2021. Aceite para publicação a 25 de Janeiro de 2022.
as timpanoplastias foi a de M. Portmann. A via de

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