Page 20 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
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TABELA 6
Função do nervo facial (Classificação de House-Brackmann)
Grau Pós-operatório imediato Follow-up 6 meses
I 11 (47,83%) 18 (78,26%)
II 2 2
III 5 1
IV 3 1
V 1 -
VI 1 1
facial grau VI resultou da secção e exérese de parte do NF estratégias de compensação, como as modificações do
na sua terceira porção por infiltração tumoral, e aguarda bólus, nomeadamente a diminuição da dimensão dos
neste momento cirurgia de reabilitação (anastomose bólus, a adição de espessante a líquidos, e ainda o alerta
massetérico-facial). para uma mastigação cuidada e ajustamento postural
Um caso de mastoidectomia por técnica fechada associada geral. Estas medidas foram suficientes para melhorar
a TPA obrigou adicionalmente à exérese da bigorna, o as queixas apenas num dos doentes, enquanto noutro
que teve como consequência uma surdez de condução a persistência das queixas parece estar em correlação
com pure tone average (PTA) de 65 dB. Num segundo com doença residual. Um doente com disfonia que
tempo cirúrgico, foi feita ossiculoplastia com colocação apresentava paralisia de corda vocal em adução foi alvo
de uma partial ossicular replacement prosthesis (PORP) de tiroplastia tipo II, com melhoria das queixas.
de titânio. Noutro caso, abordado por mastoidectomia Num caso classificado como B1, a lesão estava em
por técnica aberta, foi realizada uma timpanoplastia tipo contiguidade com a membrana timpânica, o que obrigou
IV (classificação de Tos) por envolvimento do estribo e à confeção de um neotímpano com enxerto autólogo de
da janela oval, o que resultou numa surdez mista, com fáscia temporalis. No pós-operatório verificou-se uma
PTA de 80 dB. Abordagens, como a PST ou vias da FIT, estenose inflamatória do canal auditivo externo, pelo
que implicam o encerramento do CAE em fundo de saco, que foi necessária revisão cirúrgica.
vão invariavelmente resultar numa surdez de condução A fístula de líquor foi tratada com a colocação de
máxima. Como tal, surdez de condução não foi incluída drenagem lombar associada a cobertura antibiótica
como complicação dos PGs abordados por estas vias. Dois profilática.
doentes submetidos a tratamento cirúrgico do PG por via
da FIT ficaram com surdez neurossensorial profunda. Follow-up
Um caso abordado por via da FIT modificada (FIT-M, ou No doente alvo de RT como tratamento inicial, os exames
seja, sem transposição no NF), por apresentar uma surdez imagiológicos realizados 10 meses depois do término da
mista severa no pré-operatório, foi alvo de implantação terapêutica não evidenciaram crescimento tumoral. Dos
coclear no mesmo tempo cirúrgico. Dois casos aguardam 3 doentes sob wait-and-scan, dois não apresentaram
implantação com Bone Anchored Hearing Aids (BAHA). progressão clínica ou imagiológica, enquanto o 3º
Em 4 doentes, está descrito no pós-operatório desenvolveu clínica sugestiva do envolvimento de PCBs,
imediato um quadro de nistagmo irritativo ou défice tendo sido referenciado para RT.
vestibular agudo unilateral (náuseas/vómitos, nistagmo Os 3 doentes alvo de resseções cirúrgicas subtotais foram
espontâneo com fase rápida para o ouvido contralateral referenciados para RT.
e head impulse test ipsilateral patológico). A vertigem Dos 20 doentes alvo de uma exérese macroscopicamente
e os sintomas autonómicos foram alvo de medicação completa da lesão, 14 (70%) mantiveram-se sem
vestibulossupressora e cederam, invariavelmente, antes qualquer evidência clínica ou imagiológica de doença
da alta domiciliária. Como tal, não foi realizado qualquer residual/recorrente (seguimento pós-operatório médio
exame complementar de diagnóstico para avaliar a de 41,57 meses). Em 3 doentes [15%; B2 (Figura 4),
função vestibular. C1, C1], existem alterações imagiológicas que suscitam
Seis doentes apresentaram um quadro compatível dúvida (doença residual versus alterações fibróticas
com lesão do nervo vago no pós-operatório precoce pós-operatórias), mantendo seguimento imagiológico
(disfonia, disfagia e episódios de aspiração), que motivou para estudo comparativo. Noutros 3 casos (15%; C2De1,
a manutenção de sonda naso-gástrica. Três casos C2Di1 e C1De1), verificaram-se tumores residuais com
melhoraram progressivamente de forma espontânea, crescimento progressivo em exames imagiológicos
sendo os restantes encaminhados para terapia da fala subsequentes (recidiva tumoral), permanecendo todos
e consulta de deglutição. Foram propostas medidas sob wait-and-scan.
conservadoras a dois destes doentes. Estas incluíram
98 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO