Page 54 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 55 Nº2
P. 54

Página do Colégio


          da Especialidade de ORL


          da Ordem dos Médicos





          Colégio da especialidade e seu papel na dinamização do
          internato



















          secundarizadas. E é compreensível este estado de espirito,   Com  essa  programação,  os  mais  jovens  não  seriam
          e  essa  atitude  primaria  “do  salve-se  quem  puder”,  pois   inexoravelmente  “despachados”  para  a  periferia,  pois
          o  investimento  na  sua  formação,  corre  o  risco  de  ser   também nos hospitais centrais, a recomposição dos seus
          desperdiçado com esta política, cuja consequência a curto   quadros se faria de acordo com o mesmo princípio, porque
          ou  médio  prazo,  levará  os  jovens  médicos  especialistas   sendo  conhecidas  as  prováveis  saídas  por  aposentação
          muito  provavelmente  e  na  melhor  das  hipóteses,  para   ao longo dos anos, não seria muito difícil, alocar novos
          fora  do  SNS  ou  até  para  o  estrangeiro,  onde  de  braços   médicos especialistas, a esses lugares então disponíveis.
          abertos  os  acolherão,  com  o  regozijo  de  quem  a  custo
          zero, consegue um técnico qualificado com uma formação   Também na perspetiva dos futuros médicos especialistas,
          de excelência.                                    este processo, de escolha simultânea da especialidade e
                                                            do serviço onde seriam colocados, seria mais transparente
          E  por  cá,  continuarão  a  faltar  os  médicos  especialistas,   e permitiria uma melhor organização da sua vida, pois ao
          embora continuemos a formar mais e mais especialistas   escolherem  a  especialidade,  conheceriam  também  qual
          sem futuro.                                       o local onde iriam trabalhar, permitindo-lhes assim, uma
                                                            programação  atempada  de  todo  o  seu  trajecto  de  vida
          Não seria pois, mais racional um processo de abertura de   pessoal e profissional.
          vagas de formação específica, onde o candidato escolheria
          não só a especialidade, mas também o hospital onde iria   Penso que não seria impossível arquitectar um esquema
          exercer a sua actividade no futuro?               semelhante ao proposto.

          Não seria mais coerente, o Estado investir na formação de   Difícil seria certamente, ultrapassar as resistências que se
          médicos, de acordo com as necessidades do SNS, baseado   colocariam, sustentadas nas mais bondosas e elaboradas
          numa estratégia de desenvolvimento regional equitativo,   justificações,  que  no  fundo  têm  sempre  como  único
          onde  os  profissionais  exerceriam  a  sua  actividade,  nos   alicerce, a necessidade da existência de um sistema, que
          hospitais que deles necessitassem?                na sua essência permita estes atropelos.

          E se realmente quisessem desenvolver o interior, porque                               Artur Condé
          não  implementar  um  quadro  de  incentivos  à  colocação
          de  médicos  nos  hospitais  periféricos,  que  poderiam  ir
          dos  simples  incentivos  económicos,  até  à  ponderação
          positiva da sua classificação, no sistema de avaliação para
          a entrada na especialidade?


      116  REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL
   49   50   51   52   53   54   55   56   57   58   59