Page 76 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 62. Nº2
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p=0.72), sendo mesmo fracamente negativo pouco específica, e a dificuldade da nossa
nos doentes do grupo de controlo (rho=- população pediátrica em descrever “tontura” e
0.36, S=1321.1, p=0.13), mas todos estes valores “desequilíbrio”, constitui uma limitação deste
carecem de significância estatística. Neste trabalho, deixando aberta a hipótese de o
sentido, quando dividida em dois subgrupos questionário detectar outros fenómenos que
com igual N e ordens crescentes de idade (5- não patologia vestibular. Futuros trabalhos
6,5 e 6,5-12 anos), a nossa amostra não mostrou a incidir sobre esta temática lucrarão com
diferenças estatisticamente significativas a inclusão de exames complementares
(W=168, p=0.65). Quando segmentados por paraclínicos, nomeadamente com uma
tipo de timpanograma, doentes com TPG avaliação neurofisiológica com, por exemplo
tipo A obtiveram um resultado médio de cVEMP (Potencial Evocado Miogénico
1,778±1,38, enquanto os doentes com TPG Vestibular Cervical), oVEMP (Potencial Evocado
tipo C obtiveram 11,143 ± 8,093 e doentes com Miogénico Vestibular Ocular), ou vHIT (Video
TPG tipo B 16,4±3,895 (p=0,014). Este último Head Impulse Test). Esta pode contribuir para
grupo obteve resultados médios compatíveis reforçar os nossos resultados , permitindo
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com limitação quotidiana leve. Por fim, inclusive ajudar a estabelecer um prognóstico
quando dividimos os doentes em função dos para a doença subjacente .
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achados ao exame objetivo, encontramos
uma diferença estatisticamente significativa Conclusões
(p=0,003), com doentes com efusão a A disfunção vestibular não deve ser
pontuarem em média 17,0 ±4,5, e doentes sem desvalorizada na população pediátrica,
efusão 3,2±1,2. especialmente em crianças com OME/
disfunção da TE, que obtiveram um resultado
Discussão mais elevado nos scores do nosso estudo.
A patologia do ouvido médio tem impacto A ausência de sinais agudos ou queixas
no quotidiano dos doentes pediátricos, não rigorosas em ambiente de consulta não
só pelos fatores mais evidentes (absentismo, exclui o seu impacto quotidiano. Trabalhos
febre, surdez, atraso no desenvolvimento da futuros deverão contribuir para objetivar
linguagem), mas também pelo seu impacto esta disfunção vestibular com exames
vestibular. Doentes com efusão do ouvido neurofisiológicos, reforçando os resultados
médio ao exame objetivo alcançam resultados subjetivos encontrados no nosso estudo.
mais elevados no nosso questionário, Pais e cuidadores devem ser ativamente
resultados esses que são igualmente mais indagados sob sintomatologia vestibular nos
elevados em doentes com TPG B, e compatíveis filhos, e preencher instrumentos que avaliem
com maior morbilidade. Embora seja a sua incidência e impacto quotidiano. O
frequente e considerada uma causa comum clínico deverá permanecer alerta para esta
de disfunção vestibular, a OME permanece sintomatologia, servindo-se de um exame
pouco estudada neste sentido . Por outro objetivo direcionado, destes instrumentos
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lado, a ausência de sinais vestibulares agudos e de exames objetivos para diagnosticar
em consulta leva-nos a não poder excluir precocemente alterações vestibulares.
outras causas de score elevado nos doentes
avaliados. Neste sentido, a sintomatologia
Tabela 2
Pontuação do DHI-PC (ver anexo)
Pontuação
0-16 16-26 26-43 >43
Sem limitação Limitação leve Limitação moderada Limitação severa
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